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06/10/2010

Número de pobres não vai baixar nos próximos anos, diz Edmundo Martinho

O coordenador em Portugal do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social mostra-se preocupado sobretudo com a pobreza infantil.

O coordenador em Portugal do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social admite que as medidas de austeridade anunciadas este ano pelo Governo vão prejudicar o trabalho da redução das taxas de pobreza em Portugal.
Entrevistado pela TSF, Edmundo Martinho, que é também presidente da Segurança Social, não escondeu a preocupação com o futuro dos mais necessitados, admitindo que o número de pobres não vai diminuir nos próximos anos.
«Temos de esperar que de facto este conjunto de condições, aliado à manutenção previsível dos níveis do desemprego, tornará muito mais difícil, em Portugal e nos outros países da União Europeia, conseguir continuar o processo, que vínhamos desenvolvendo com muito sucesso, de redução significativa das taxas de pobreza em Portugal», disse.
Ainda assim, Edmundo Martinho não espera um aumento das taxas de pobreza, mas defende que será necessário encontrar «respostas novas» ou tornar as existentes mais eficazes.
O coordenador em Portugal do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social reconheceu que a Segurança Social vai ter que encontrar respostas novas para as pessoas que vão perdendo o subsidio de desemprego.
O mesmo acontecerá em relação aos beneficiários do Rendimento Social de Inserção, agora que o Governo decidiu cortar estas despesas em 20 por cento.
Edmundo Martinho mostra-se  particularmente preocupado com a pobreza infantil e das pessoas com deficiência.
No próximo Orçamento do Estado, o Governo quer cortar ainda em 25 por cento o valor do abono de família das pessoas com mais baixo rendimento e há outras que perdem mesmo o direito ao apoio.
O presidente da Segurança Social receia o impacto destas medidas nas famílias mais carenciadas e defende que é necessário um «olhar muito particular para as crianças».
É nas famílias com mais crianças que se encontram mais pobres. O último Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, publicado em Julho pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), revela que 18 por cento dos portugueses viviam abaixo do limiar da pobreza em 2008. Um número que mais do que duplica nas famílias com mais filhos.
É nas famílias com três ou mais crianças que se encontram mais pobres, sendo que 43 por cento estão abaixo do chamado limiar de pobreza. Ou seja, cada adulto recebe em média menos de 414 euros por mês.
Nas famílias monoparental, 39 por cento também estão em risco de pobreza.
Quase um quarto (23 por cento) das crianças e jovens com menos de 17 anos vive abaixo deste limiar de rendimentos.
Mais de um terço (37 por cento) dos desempregados também se incluem neste grupo, num problema ainda mais grave para as famílias sem trabalho e com filhos.

http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/Portugal/Interior.aspx?content_id=1679032

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