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23/03/2010

Utentes gastam o dobro para ir à consulta no Santo António

Desde Setembro que os moradores de Rio Tinto e Baguim do Monte gastam o dobro do tempo e do dinheiro para ir a uma consulta. Tinham transporte directo para o S. João, mas a mudança do hospital de referência para o Santo António obriga-os a várias viagens.

Maria José Carvalhosa apanhava o autocarro no términus da linha 803, em frente à Escola Secundária de Rio Tinto (Gondomar), e saía 25 minutos depois à porta do Hospital de S. João, no Porto. Uma viagem de ida e volta ficava-lhe por 2,60 euros e no total das viagens gastava cerca de uma hora.

O Santo António passou a ser o seu hospital de referência, mas os transportes públicos não acompanharam a mudança na Saúde, introduzida há meio ano pela Administração Regional de Saúde (ARS)/ Norte. Cada viagem demora, pelo menos, uma hora e cinco minutos - fora de hora de ponta e sem perder ligações - tem de apanhar três autocarros e pagar um total de 7,80 euros (ida e volta). Ao todo, passa mais de duas horas nos transportes públicos.

Os presidentes das juntas de Rio Tinto e Baguim do Monte, Marco Martins e Nuno Coelho respectivamente, enviaram em Fevereiro uma proposta à STCP para tentar resolver o problema que tantas queixas tem originado. Os autarcas defendem a extensão da linha 55 - que parte de Baguim do Monte, cruza Rio Tinto e termina no Bolhão - até ao Santo António, passando pelo Centro de Saúde de Rio Tinto. Estão a aguardar por uma reunião com responsáveis da STCP.

Ao JN, a STCP adiantou que não está prevista nenhuma ligação directa de Rio Tinto ao Santo António. "Das carreiras existentes, a STCP está a analisar a melhor possibilidade para essa ligação, contudo existe actualmente transbordo nesses locais o que permite a mobilidade dos passageiros", refere a empresa.

A carreira 55, feita pela Gondomarense ao serviço da STCP, é uma das que Maria José Carvalhosa apanha para chegar ao médico. Ontem, foi acompanhada pelo JN. Partiu às 13.30 horas da Secundária de Rio Tinto no 803, rumo ao Santo António, onde tinha consulta marcada às 15 horas. Dez minutos depois, apeou-se em frente à Igreja de Rio Tinto para o primeiro transbordo.

Dois anos para ligar ao S. João

"Se os residentes de Rio Tinto têm de ir agora para o Santo António, faz sentido que haja uma ou duas ligações directas ao hospital", reclama a passageira. Para o Hospital S. João os moradores tinham três autocarros directos (803, 804 e 68), conseguidos depois de dois anos de negociações da Junta de Rio Tinto com a STCP. O 803 tinha a vantagem de ligar o Centro de Saúde ao hospital.

A carreira 55 demorou 15 minutos a chegar. Depois de cruzar Rio Tinto, entrou no Porto pelo lado Oriental. Passou pela Corujeira, Campanhã, Campo 24 de Agosto, Bolhão. Mais 25 minutos e Maria José estava novamente em terra, em frente ao shopping Gran Plaza, à espera do autocarro.

Desta vez, apanhou o 305 que apareceu em quatro minutos. Mais uma viagem curta e 11 minutos depois estava no Carmo. Chegou ao destino. São 14.35 horas. "É uma tarde perdida para ir ao médico", resume a utente, que ainda tem de andar uns 10 minutos a pé para chegar ao edifício das consultas externas do Santo António, na Rua D. Manuel II. Podia ter tentado outro percurso: apanhar o 803 até à Boavista e depois uma ligação para o hospital. Mas demoraria, pelo menos, mais 15 minutos e não podia arriscar perder a consulta.

http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Gondomar&Option=Interior&content_id=1525723

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