Os 460 trabalhadores da antiga Fábrica de Mindelo (Vila do Conde) continuam à espera de cerca de um quarto das indemnizações. Quinze anos depois da falência da têxtil, o processo anda, há um ano, a passear nos tribunais, diz o porta-voz dos trabalhadores, Fernando Gomes.
"O processo foi para o Tribunal da Relação, que se enganou e o mandou para o Supremo, mas, como ninguém contestou, o Supremo mandou-o de volta para o Tribunal do Comércio de Gaia. Nisto passou um ano e nós continuamos à espera do dinheiro", explicou, indignado com os "passeios" do processo. Fernando Gomes já fez saber ao Tribunal que os trabalhadores "não pagarão os custos do erro".
Recorde-se que a Fábrica de Mindelo foi, nas décadas de 60 e 70, uma das maiores têxteis da região, chegando a empregar mais de 1600 trabalhadores. Em 1994, fechou portas e para os 460 funcionários iniciou-se um longo calvário na luta pelas indemnizações.
Onze anos depois, em 2005, foi vendido, por 6,8 milhões de euros, o único património da Mindelo: as instalações da antiga fábrica. Mas o dinheiro não dava para o pagamento de todas as dívidas (incluindo 5,25 milhões a trabalhadores) e uma hipoteca do imóvel à Caixa Geral de Depósitos (CGD) abriu uma guerra entre os funcionários e a banca.
Em Agosto de 2008, o Tribunal do Comércio de Gaia decidiu pagar 52% do valor em dívida aos trabalhadores, que receberam, assim, finalmente, parte das indemnizações. O restante ficaria à aguardar a decisão sobre os créditos da CGD.
A decisão saiu logo a seguir: o Tribunal deu razão à CGD e, sem direito a recurso, considerou prioritário o seu crédito de 2,8 milhões de euros, mas, por lapso, diz Fernando Gomes, a Relação enviou o processo para o Supremo que, após análise, concluiu nada haver a decidir e o devolveu ao Tribunal de Gaia.
Após o pagamento à CGD, sobraram verbas para os trabalhadores, que continuam à espera que se faça justiça.
J.N. - 29.10.09
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