À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

23/09/2011

Pois sim

João Paulo Guerra

Contado à mesa do café não dava para acreditar. Mas agora veio nos jornais e com fontes identificadas.
Dois presidentes da República, dois procuradores-gerais da República, três presidentes da Assembleia da República, quatro primeiros-ministros, três presidentes do Tribunal Constitucional, três presidentes do Supremo Tribunal de Justiça, dois presidentes do Supremo Tribunal Administrativo, cinco ministros das Finanças e ainda um rol de eminentes "et ceteras", nacionais e regionais, foram informados sobre o estado a que tinham chegado as finanças da Madeira. Pois sim. Foram informados mas não reagiram.
Portanto: o Estado, nos termos da Constituição, está dotado de um "órgão supremo de fiscalização da legalidade das despesas públicas", nacionais e das Regiões Autónomas. O Tribunal de Contas julga, efectiva a responsabilidade por infracções financeiras, emite pareceres, publica-os no Diário da República, comunica-os a uma vasta lista de altíssimas entidades. Passados uns tempos, o Tribunal sabe pelos jornais que andou a trabalhar para o boneco: os excelentíssimos não se dignaram agir nem reagir às denúncias. Ou porque têm mais que fazer, ou porque não entenderam e desvalorizaram a situação, ou porque não quiseram levantar ondas, ou porque não querem meter-se em trabalhos, ou porque tiveram medo, ou porque não estavam para aí virados, ou porque sim, ou porque sopas. E agora? Agora, nada: acima desta cumeada só existe a consciência dos homens que a têm.
Ou então, os titulares de cargos no topo do Estado entendem que os informes, relatórios, pareceres, estudos, memórias, inquéritos, sindicâncias, prospectos, bulas e outros impressos que lhes são remetidos, em protocolo ou registados, se destinam a uso próprio e consumo privado. Não podem é dizer depois que não sabiam.

http://economico.sapo.pt/noticias/pois-sim_127315.html

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