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15/09/2011

Hora de agir por trabalho e direitos

Combater a precariedade, o desemprego, os baixos salários e a ideia de que esta situação seria inevitável é o motivo que mobilizará amanhã, em quase todos os distritos, activistas e dirigentes da Interjovem e dos sindicatos da CGTP-IN, fazendo de 16 de Setembro um dia nacional de protesto da juventude e também uma grande jornada de mobilização para as manifestações de 1 de Outubro, em Lisboa e no Porto.

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«Queremos trabalho, exigimos direitos!» proclama a organização autónoma da juventude da Intersindical, no folheto em que divulga as iniciativas e apela a que muitos mais jovens se tornem associados dos sindicatos da CGTP-IN, sublinhando que «a hora é de acção contra o programa de agressão».
A Interjovem lembra que, antes deste «pacto da troika» já houve o défice, a crise e a dívida, que justificaram o agravamento das condições de trabalho e de vida de milhões de portuguesas e portugueses, enquanto a banca e os grupos económicos continuam a acumular lucros e a arrecadar milhares de milhões de euros do Estado. Para a rejeição firme de «mais mentira, hipocrisia e cinismo», «tomemos nas nossas mãos os destinos das nossas vidas», propõe a Interjovem.

Lutar organizados

«É muito importante valorizar os resultados da luta organizada dos jovens e mostrar a todos que nas empresas há uma diferença, para melhor, entre as condições de quem está organizado e de quem entra através do trabalho temporário e não entrou ainda para o seu sindicato», comentou Anabela Laranjeira ao Avante!, a propósito da necessária resposta de luta à presente ofensiva. Da sua região de origem, a dirigente da Interjovem refere o que conhece na fábrica da Bosch, em Braga, onde tem havido «umas dezenas de casos, todos os anos», de trabalhadoras que, ao fim de seis ou sete anos de contratação através de empresas de trabalho temporário, por vezes intercalados com contratos a termo por um ou dois anos, decidem recorrer ao sindicato e acabam por conseguir entrar para o quadro de efectivos da empresa.
«É porque os jovens, com a luta, conseguem alcançar vitórias destas que depois o Governo vem com mais alterações à legislação laboral e com o "contrato único", para pôr a força da lei do lado dos patrões», nota Anabela Laranjeira, reafirmando a determinação da Interjovem de manter viva a luta contra a precariedade. «Há muito que defendemos que a um posto de trabalho permanente deve corresponder um emprego com vínculo efectivo», como ficou expresso nas mais de 20 mil assinaturas que suportaram a petição entregue na AR em Outubro do ano passado e que, como revelou a jovem dirigente, vai finalmente ser discutida dia 23 no plenário parlamentar.
«Os trabalhadores com vínculos precários devem estar organizados nos sindicatos», sublinha Anabela, apontando duas razões: «chamam melhor a atenção para os seus problemas e conseguem resultados». Para ultrapassar com êxito as dificuldades que a elevada precariedade cria à organização nas empresas e ao desenvolvimento do trabalho sindical, é necessário «que os sindicatos dêem ainda mais atenção aos jovens e que haja maior sindicalização de jovens».
Os problemas dos jovens trabalhadores e da ofensiva do actual Governo, que não parou durante as férias, foram motivo de esclarecimento e denúncia pública da Interjovem, que realizou várias acções no mês de Agosto, especialmente dirigidas contra a legislação que visa embaratecer e facilitar os despedimentos.
Recordando que a precariedade «é uma porta aberta para o desemprego», Anabela Laranjeira explicou que este problema merece o maior realce na jornada de amanhã, a par da exigência de emprego estável e com direitos e de melhores salários, num contexto de ruptura com o rumo político que tem predominado no País.

Medidas? Alegando como intenção o combate ao desemprego e à precariedade, o Governo avança com «medidas à medida do patronato», acusa a Interjovem, indicando como exemplos a legislação que facilita e embaratece os despedimentos; o corte no valor e no tempo de atribuição do subsídio de desemprego; o ataque ao movimento sindical de classe e à contratação colectiva; o aumento do trabalho temporário, dos contratos a prazo e da duração do trabalho; o fim do pagamento de horas extraordinárias e a generalização do «contrato único».
A tais medidas, a Interjovem responde com as justas reivindicações dos jovens, designadamente: o direito ao trabalho com direitos; a passagem a efectivos de todos os que exercem funções de carácter permanente; a regularização das situações de falsos recibos verdes, passando-as a contratos de trabalho; o aumento real dos salários e a fixação imediata do salário mínimo em 500 euros; a garantia pelo Estado de habitações com rendas controladas; a garantia dos direitos à Educação, à Saúde, à Cultura e ao Desporto.

Juventude nas ruas O dia nacional de protesto da juventude trabalhadora tem hoje expressão em iniciativas públicas, em várias capitais de distrito. As estruturas da CGTP-IN vão igualmente marcar presença junto de empresas com grande concentração de jovens. Estão agendadas «tribunas públicas» e concentrações em:
Braga às 15 horas, na Avenida Central, antecedida do «roteiro contra a precariedade, o desemprego e os baixos salários», em empresas do distrito;
Porto às 17 horas, em Santa Catarina, frente ao shopping (e concerto, às 22 horas, frente ao café Piolho);
Castelo Branco às 17 horas, nas Docas;
Portalegre – no Rossio, a partir das 10.30 horas.
Évora às 17 horas, no Largo Luís de Camões;
Beja às 17 horas, junto ao edifício da PT;
Setúbal às 17 horas, na Praça do Bocage;
Faro – às 14.30 horas, frente ao Centro de Emprego.
Em Coimbra, durante a manhã, a acção sindical será dirigida ao jovens do call-center da PT, dos hipermercados Continente e Jumbo e da Mahle (em Cantanhede).
No distrito de Aveiro, estão marcadas iniciativas frente ao Centro de Emprego de São João da Madeira e em empresas com elevadas taxas de precariedade.
Em Lisboa, está convocada uma concentração para as 17 horas, na Praça Luís de Camões.

http://www.avante.pt/pt/1972/emfoco/116244/

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