O governo grego provocou um novo surto de protestos populares ao anunciar a necessidade de mais cortes e novos impostos com vista a obter dois mil milhões de euros suplementares.
Em Salónica, onde se deslocou no sábado, 10, para a inauguração da Feira Internacional de Comércio, o primeiro-ministro Guiórgos Papandreu foi recebido por mais de 20 mil manifestantes em protesto contra o novo pacote de austeridade, que impõe sacrifícios acrescidos ao povo.
Num ambiente de grande tensão social, as novas medidas foram rejeitadas pelos principais sindicatos, que ameaçaram com manifestações e greves contra o novo ataque aos trabalhadores e camadas populares. Erguendo-se contra as privatizações e as políticas de liberalização, vários sectores profissionais desencadearam processos de luta que podem ampliar-se nas próximas semanas.
No dia 8, a Associação Nacional dos Médicos iniciou uma greve de 48 horas contra as reformas na Saúde. A associação garantiu que novas acções terão lugar caso o governo insista em pôr em causa o sistema de Saúde público e gratuito.
Na véspera, o sindicato dos controladores aéreos aprovou a realização de uma greve de zelo para exigir a aplicação do regulamento e o fim das horas extraordinárias.
Também a federação dos professores convocou para dia 22 uma greve de 24 horas contra as reformas da Educação, que prevêem cortes orçamentais, privatizações e abolição de regalias sociais.
A decisão de liberalizar a actividade dos táxis, aprovada dia 6 em Conselho de Ministros, levou os profissionais do sector a cumprir uma greve de 24 horas, que foi acompanhada de manifestações em Atenas e Salónica.
A crise não é do povo
Na manifestação de sábado, organizada em Salónica pela Frente Militante de Todos os Trabalhadores (PAME), as principais palavras de ordem voltaram a insistir sobre a verdadeira origem da crise e quem são os seus responsáveis. «A crise e a dívida não são culpa do povo, mas dos lucros do capitalismo», «Deixem-se de jogos, o capitalismo não pode tornar-se humano», «Operário, sem ti a engrenagem não funciona, mas tu podes fazê-lo sem o patrão».
No mesmo dia em Atenas, no final de uma manifestação massiva convocada pelos comunistas, a secretária-geral do KKE, Aleka Papariga, apelou a uma contra-ofensiva sob pena de os trabalhadores, e em especial os jovens, serem «encostados à parede».
A líder comunista considerou que há uma «forte possibilidade de que uma nova crise internacional se manifeste antes de uma recuperação substancial. É também muito provável que a competição entre os estados capitalistas se agudize subitamente, que se observe forças centrífugas e se acentue a tendência para a saída do euro. Sem uma intervenção ofensiva dos povos, os resultados serão imprevisíveis e terão mais consequências negativas».
Segundo Papariga, «não é um exagero admitir que podemos deparar-nos com uma cessação do pagamento de salários e pensões», tal como não é exagero, considerou, que a Grécia venha a ser envolvida numa intervenção militar, por parte das potências imperialistas e com o apoio da burguesia nacional, para a conquista de novos mercados na região.
Por isso, concluiu, num momento em que o sistema político burguês está a ser sacudido, o povo tem de estar pronto para «passar ao contra-ataque, colocando como objectivo o derrubamento do poder dos monopólios».
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