Persistência de elevados níveis de desemprego e o desemprego de longa duração aumentam os riscos dos trabalhadores abandonarem o mercado de trabalho, devido à tendencial deterioração do capital humano e aos efeitos do desencorajamento. O risco é maior no caso dos trabalhadores jovens e pouco qualificados.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) publicou o relatório Persistence of High Unemployment: What Risks? What Policies? O documento refere que no final de 2010 a taxa média de desemprego nos países da OCDE estava ainda próxima do máximo histórico atingido durante a recente crise financeira. De acordo com a organização, um dos principais problemas dos países atingidos pela persistência de elevados níveis de desemprego – e pelo crescimento do número de trabalhadores que passam longos períodos sem emprego – é a deterioração generalizada do capital humano, o desânimo e o consequente abandono do mercado de trabalho. O risco é maior para os trabalhadores jovens e menos qualificados, que têm sido desproporcionalmente afectados pelo crescimento do desemprego.
O risco das taxas de desemprego persistentemente altas é um problema menos acentuado em países onde a diminuição do PIB provocada pela crise financeira foi em grande parte absorvida pela retenção da mão-de-obra (uso de mão-de-obra excedentária num determinado momento para deste modo não haver uma deterioração do capital humano) ou por formas de partilha de trabalho entre os trabalhadores (por exemplo, Áustria, Bélgica, Finlândia, Alemanha, Japão, Coreia, Luxemburgo e Países Baixos).
As preocupações acerca da persistência do desemprego são particularmente sentidas em países que experienciaram aumentos significativos no desemprego de longa duração. Quanto mais tempo os indivíduos ficam desempregados, mais difícil se torna para eles encontrar um emprego e menos o vão tentando fazer, um fenómeno referido como dependência do desemprego ou histerese. E em pelo menos dez países da OCDE, entre os quais Portugal, o desemprego de longa duração subiu significativamente durante a crise económica, apontando para um risco significativo de histerese.
De acordo com os dados apresentados, no ano de 2010 Portugal era o segundo país da OCDE com uma maior percentagem de desemprego de longa duração: do total de desempregados desse ano, mais de 50% eram-no há mais de 12 meses, tal como na Hungria e em Itália. A Eslováquia era no entanto o país da organização com uma taxa de desemprego de longa duração mais elevada: 66,7%. Entre o 3º trimestre de 2007 e o período homólogo de 2010 o desemprego de longa duração em Portugal aumentou 6,8 pontos percentuais. Foi, no entanto, na Irlanda e nos Estados Unidos que esta tendência foi mais expressiva – aumentos superiores a 20 pontos percentuais. A Polónio foi o país que registou uma diminuição mais acentuada deste indicador no período em causa: 18,3 pontos percentuais.
http://observatorio-das-desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=news&id=159
Sem comentários:
Enviar um comentário