A afirmação é de Vitalino Canas, o homem que, simultaneamente, é deputado do PS e provedor das empresas de trabalho temporário, cargo pago pelas próprias empresas de trabalho temporário.
Na apresentação do seu relatório de actividades como provedor, Vitalino informa-nos que os 20% de trabalhadores temporários no Estado que se verifica em Portugal nos dão a prata nesta matéria, apenas somos ultrapassados pela Dinamarca, com 48% de temporários no Estado.
Vitalino escreve no seu relatório que recebeu mais de 169 "iniciativas", 124 das quais eram perguntas e 37 queixas, a maioria com origem na compensação por fim de contrato. Sobre estas ilegalidades das ETT's o provedor responde que numa altura de maiores dificuldades de tesouraria, "qualquer ligeiro desleixo" reflecte-se mais quando o trabalhador está a abandonar o serviço. O deputado do PS refere ainda que a Manpower tem processos em tribunal por prática de dumping. Ou seja, esta ETT vende os serviços dos seus trabalhadores a preço mais baixo do que o seu custo, como forma de ganhar quota de mercado.
Mas o provedor e o seu relatório servem vários propósitos que não podemos deixar de ter em mente. Primeiro que tudo a existência de um provedor das ETT's legitima a exploração destas empresas e passa a ideia de que estão a ser verificadas por uma entidade terceira e imparcial, quando, na verdade, são elas que pagam o salário do Vitalino.
Depois, ao dizer que o Estado emprega 20% dos temporários, o provedor naturaliza a prática de trabalho temporário, dizendo que, se no Estado é assim, porque não poderá ser nas empresas. E, finalmente, procura fortalecer a sua posição, por fingir que está a enfretar o poder político.
Tudo risível.
As ETT ficam em média com 40% do ordenado dos trabalhadores e os contratos temporários pagam cerca de 40% menos do que os contratos sem termo. As ETT's são a face da mais pura sobre exploração e destruição das relações laborais.
O Relatório provett2011.
http://www.precariosinflexiveis.org/2011/04/20-dos-trabalhadores-temporarios-estao.html
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