Número de famílias apoiadas pela autarquia duplicou no último meio ano devido aos "novos pobres".
O número de famílias apoiadas pelo programa Câmara Amiga da autarquia de Vila Real disparou nos últimos seis meses devido aos pedidos de ajuda dos "novos pobres", vítimas do desemprego ou de doença.
Dos últimos dos seus 39 anos não guarda, Isabel, saudades. Desempregada ela, desempregado o marido, três filhas a estudar, uma casa para sustentar, remédios para comprar… "Não fosse a ajuda da Câmara Amiga e não sei como me havia de arranjar", lastima-se Isabel, que vive num bairro social de Vila Real. A Câmara Amiga é um serviço que a autarquia vila-realense criou há um ano e meio para acudir aos mais necessitados. Há meio ano eram 200 famílias. Neste momento já socorre 400. A vereadora Dolores Monteiro salienta que metade recorre mensalmente e o resto quando sente mais necessidade. "Este aumento súbito deve-se em grande parte aos 'novos pobres'. Pessoas que viviam relativamente bem, mas que por problemas de saúde ou desemprego se viram obrigadas a pedir ajuda".
Isabel ainda tem subsídio de desemprego até Junho de 2010. "Depois vai ser pior, caso não apareça nada". Somando-lhe o abono dos filhos passa de 500 euros mensais. O marido não tem qualquer rendimento. "Já pedimos ajuda à Segurança Social e estamos à espera". Ela e ele vão procurando emprego, mas, por enquanto "sem sucesso".
Isabel tem quatro filhos. O rapaz de 20 anos emigrou. As raparigas de sete, 11 e 18 vivem com os pais. As magras receitas têm de ser "esticadinhas" para chegarem ao fim do mês. Da Câmara Amiga recebe bens alimentares, vestuário, calçado, material escolar, entre outras. Vergonha? "Não. Vergonha é matar e roubar. Pelos meus filhos vou pedir onde for preciso!"
Maria Angelina tem o companheiro doente. Ela tem doenças crónicas. Nem um nem outro trabalham e os rendimentos sociais acabaram. "Agora vivo da Câmara Amiga, onde vou buscar arroz, massa, leite e outros produtos alimentares". Sem este apoio municipal "passaria muita fome". Às vezes trabalho umas horas em limpezas e é com esse dinheiro que paga a luz, a água e os medicamentos. Só nestes gasta 80 euros mensais. "Quando não há, não se compram". Angelina também pediu ajuda à Câmara para arranjar a casa do companheiro, onde vivem. "Chove lá como na rua e não temos casa de banho".
A vereadora reforça o apelo à doação de bens alimentares, pois roupa e calçado chegam em abundância, mas o leite é um dos mais necessários. Neste momento já há cerca de 500 voluntários doadores à Câmara Amiga.
J.N. - 06.12.09
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