David Soares, da Comissão de Trabalhadores da empresa, explica que em falta está 20 por cento do salário de Novembro e acrescenta: «Também estamos a lutar pelos nossos subsídios de Natal, porque a administração já nos confirmou que não tem dinheiro para os pagar».
A greve que os funcionários da Oliva começam hoje afecta todos os sectores da metalúrgica e repete-se sexta-feira, assim como nos dias 14 e 15. Se a porção em dívida do salário de Novembro não for paga até terça, o pessoal da empresa propõe-se avançar depois «para uma medida mais radical».
Para David Soares, a situação não antecipa uma decisão favorável, por parte dos trabalhadores, ao plano de viabilização a discutir em assembleia de credores a 11 de Janeiro.
«O administrador da empresa diz que só tem 16 mil euros para pagar os próximos salários», revela esse elemento da Comissão de Trabalhadores. «Mas, se é assim, então como é que uma empresa com tantas dificuldades financeiras quer concretizar um plano de viabilização?».
David Soares lamenta que a direcção da Oliva não tenha uma postura mais transparente com o pessoal da casa. «São muito fechados», diz o operário. «Nunca nos contam tudo» e critica também «falta de orientação técnica» no que se refere ao funcionamento da fábrica.
«A máquina que é o coração principal da fábrica não está a trabalhar nem a 50 por cento», explica, acrescentando: «Por causa de cheias e inundações, esteve das seis da manhã às duas da tarde sem produzir absolutamente nada».
David Soares considera que esse aspecto impede a Oliva de explorar devidamente o seu potencial: «Parece que, ao nível das encomendas, estamos a recuperar o atraso. O problema é que a máquina nunca consegue acompanhar os pedidos. Trabalha uma hora e fica três ou quatro encostada».
Segundo o mesmo elemento da Comissão de Trabalhadores, os operários da Oliva também estranham que decisões «como a da semana passada, quando o administrador mandou suspender a produção apesar de haver encomendas para fazer».
A Oliva - Soluções de Fundição S.A. emprega actualmente 184 funcionários, a maioria dos quais foi abrangida pela suspensão temporária de trabalho que vigorou na empresa entre Maio e Outubro.
Em Setembro, a metalúrgica iniciou o seu processo de insolvência e em Outubro via terminado o prazo de recuperação definido pelo Grupo Suberus, que a adquiriu em 2004 a preço especial, na condição de não a encerrar nos cinco anos seguintes.
Hoje, a Oliva tem dívidas acumuladas no valor de quase oito milhões de euros. Os seus principais credores são a empresa de químicos Urpol, à qual deve 624 mil euros, e a Segurança Social, com a qual tem em falta 550 mil.
Aos funcionários da casa, a Oliva terá que pagar, em caso de encerramento, cinco milhões de euros em direitos.
TSF - 10.12.09
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