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30/12/2009

Sindicatos preparam mobilização de professores

Os níveis de optimismo estão no mínimo. A maioria dos sindicatos dos professores acredita cada vez menos num acordo com o governo e todos vão pedir hoje o prolongamento das negociações durante a última ronda com o Ministério da Educação. É o plano mais imediato dos dirigentes sindicais que, no entanto, já começaram a traçar novas estratégias para reagir a um eventual falhanço das conversações com a equipa da ministra Isabel Alçada. Em Janeiro os sindicatos voltam às escolas. É o regresso dos plenários, das reuniões formais entre delegados sindicais e professores. É outra vez a contagem de espingardas para saber até onde a classe está disposta a ir para quebrar a resistência do governo.

Júlia Azevedo, do Sindicato Independentes de Professores e Educadores, garante que as reuniões nas escolas vão começar logo na primeira semana de Janeiro: "Saber o que pensam, tomar posições conjuntas, definir novas estratégias é algo que tem de ser feito com a maior urgência." Pedro Gil, do Sindicato dos Educadores e Professores Licenciados pelas Escolas Superiores de Educação e Universidades (SEPLEU) está convencido de que o início de 2010 é a "altura certa para começar a sentir o pulso dos professores" e Fátima Ferreira, da Associação Sindical dos Professores Licenciados, explica que as reuniões formais com os professores vão ter início logo nos primeiros dias do segundo período escolar: "É preciso definir posições colectivas e ver que contributos é que os docentes querem apresentar."

O trabalho de bastidores feito dentro dos estabelecimentos de ensino é uma tarefa que a Federação Nacional dos Professores já começou há mais tempo. Os plenários nas escolas estão previstos desde o início de Dezembro e o secretário--geral da Fenprof, já prometeu para 19 de Janeiro uma "iniciativa nacional" envolvendo toda a classe. As características desta acção, porém, só serão definidas em função dos resultados das negociações: "Estou receoso porque o Ministério não cedeu em nada, nem nas quotas, nem nas matérias que não implicam gastos orçamentais como os ciclos avaliativos ou a prova de ingresso na profissão", censura Mário Nogueira.

Mobilizar os professores é só parte de um plano mais vasto. Há quem já queira ressuscitar a Plataforma Sindical dos Professores, uma estrutura criada no mandato da ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues e que juntou numa só voz as 12 forças sindicais contra o anterior executivo. Carlos Chagas da Federação Nacional do Ensino e Investigação defende que essa decisão "será inevitável" no caso de as negociações falharem. José Nóbrega Ascenso da Federação Portuguesa dos Profissionais da Educação, Ensino, Cultura e Investigação está convencido de que "reactivar a plataforma" só traria "benefícios para os professores". É isso que vai acontecer muito em breve, assegura Pedro Gil, dirigente do SEPLEU: "Começamos a sentir a necessidade de unir as diferentes estruturas que se sentam à mesa das negociações e penso que a maioria dos sindicalistas quer fazer isso já em Janeiro."

Fátima Ferreira da Associação Sindical dos Professores Licenciados, diz que esta é uma das matérias a ser discutida em breve com o dirigente da Fenprof, mas Mário Nogueira, que liderou a plataforma, esclarece que os contactos ainda não começaram a ser feitos, mas que na ausência de um acordo com o ministério, os sindicatos terão de se unir para tomar posições em conjunto.

São algumas das estratégias que os sindicalistas querem pôr em prática no caso de as negociações fracassarem, mas ainda não desistiram do plano inicial. "Pressionar a oposição, sobretudo o PSD, para aprovar a suspensão das políticas deste governo permanece como um dos principais trunfos que iremos usar", remata o secretário-geral da Fenprof.

http://www.ionline.pt/conteudo/39696-sindicatos-preparam-mobilizacao-professores

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