Pedro Guerreiro
Passado quase um ano sobre a eleição de Obama como presidente dos EUA, e apesar da imensa operação ideológica realizada em seu redor, é cada vez mais claro que a agenda estratégica e militarista da actual Administração norte-americana prossegue os mesmos objectivos fundamentais que a anterior.
Nem mesmo a tentativa de branqueamento deste facto – que, por exemplo, a entrega do prémio Nobel da paz representou – consegue esconder que a evolução da situação internacional aí está a demonstrar a escalada intervencionista e de guerra em que os EUA e seus aliados estão apostados.
A Administração Obama propôs e fez aprovar para 2010 o maior orçamento militar da história dos EUA, que será superior às despesas militares somadas de todos os restantes países do mundo. Um orçamento militar que cresce na medida directa do aprofundamento da crise no centro do capitalismo.
Os EUA ampliam e reforçam a sua rede de mais de 750 bases militares e a presença das suas frotas navais pelo mundo, instrumentos da sua estratégia de controlo, de desestabilização e de guerra, designadamente e com particular expressão e significado na América Latina, onde, igualmente, continuam o seu criminoso bloqueio a Cuba, e em África, onde estão em curso dinâmicas recolonizadoras.
A Administração norte-americana e seus aliados recrudescem a guerra e o rol de brutal destruição e de sofrimento na Ásia Central e no Médio Oriente, reforçando as tropas ocupantes no Afeganistão, intensificando as suas agressões no Paquistão e prosseguindo a ocupação do Iraque, reafirmando o seu apoio e conivência com a estratégia israelita de perpetuação da brutal ocupação da Palestina.
A Administração Obama e seus aliados apontam como objectivo reajustar a NATO às suas actuais necessidades (e contradições), como instrumento de agressão e de guerra contra os que de alguma forma ousam contrariar ou opor-se às suas ambições imperialistas, defendendo a sua soberania e independência nacional. Estando a adopção de um retocado «conceito estratégico» para a NATO agendada para uma cimeira a realizar em Portugal, em Novembro de 2010.
Isto é, a Administração Obama, para além de não ter significado qualquer mudança de fundo ou viragem na política externa norte-americana, procura preservar, a todo o custo, designadamente utilizando o seu poderio militar, o papel de potência hegemónica que os EUA continuam, todavia, a representar no sistema capitalista mundial.
Como temos sublinhado, a crise do capitalismo comporta em si graves perigos para a paz e para os povos do mundo. Tal como no passado, o imperialismo será tentado a resolver pela via do incremento da exploração e da guerra a crise que incessantemente gera e para a qual se mostra incapaz de encontrar solução.
A autêntica «fuga em frente» por parte do imperialismo significa exploração e opressão, a negação das mais elementares necessidades e direitos dos povos, a contínua destruição do ambiente, o ataque à paz e, mesmo, à sobrevivência da humanidade.
Neste quadro, aos comunistas, aos democratas e amantes da paz, está colocada a exigente tarefa de mobilizar os trabalhadores e os povos para a luta contra a exploração, pela defesa soberania dos povos, pela paz.
A luta pela paz é um marco decisivo e inultrapassável para o fortalecimento e alargamento de uma frente anti-imperialista que inverta a actual correlação de forças nas relações internacionais e crie condições para a prossecução de alternativas de progresso e justiça social, para o socialismo.
A defesa da paz e a solidariedade para com os povos em luta contra a agressão imperialista marcará, de forma significativa, o ano de 2010.
http://www.avante.pt/noticia.asp?id=31853&area=24
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
30/12/2009
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