Francisco Godinho, um dos desempregados da Delphi de Ponte Sôr, mostra-se pouco confiante nas saídas profissionais que o Instituto de Emprego e Formação Profissional possa vir a oferecer aos 430 ex-funcionários.
"Se não for eu a mexer-me, penso que é muito difícil que o IEFP arranje emprego para mim e para as outras pessoas", disse o antigo operário à agência Lusa. "O IEFP vive com vários problemas [captação de emprego] e se não consegue resolver esses problemas que tem agora com os outros desempregados quanto mais com aqueles que vêm depois" disse.
Com o encerramento definitivo agendado para hoje, os 430 trabalhadores da Delphi de Ponte Sôr estão praticamente todos já em casa. "Eu já estou em casa há cerca de dois meses, mas nos últimos tempos saíram mais pessoas da fábrica porque tinham férias a gozar e, por consequência, já não voltam", revelou.
Dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás do Centro Sul e Ilhas (SINQUIFA), Francisco Godinho foi um dos representantes dos trabalhadores envolvidos no processo de negociações para as indemnizações.
Conhecedor do processo negocial entre sindicatos e empresa, Francisco Godinho aponta o dedo a "algumas pessoas" que trabalhavam na Delphi que, segundo o mesmo, viriam a beneficiar com o encerramento da fábrica.
"Esta empresa não encerrou por falta de encomendas, encerrou porque havia pessoas naquela fábrica com ordenados chorudos e que o esconderam. Aliás a empresa nem sequer cumpriu a lei nessa área", acusou.
"Se tivermos em conta que 70% dos trabalhadores trouxeram para casa indemnizações de 50 mil euros, houve muita gente que recebeu acima dos 150 a 200 mil euros, e esse tinham algum interesse no encerramento", sustentou.
De acordo com Francisco Godinho, os ex-trabalhadores que receberam as indemnizações mais elevadas, "vão agora para a reforma" e ficam com um bom "pé-de-meia". O sindicalista revelou ainda que o valor total das indemnizações atribuídas pela administração da Delphi rondou os 30 milhões de euros.
Aquando do anúncio da decisão de encerramento da fábrica, entidades sindicais e administração acordaram um valor de 2,3 salários por cada ano de trabalho, em termos de indemnização.
A Delphi está sedeada em Ponte de Sôr há 29 anos e era considerada a maior do distrito, empregando 2,5% da população do concelho.
Durante o dia de ontem, não foi possível obter junto do IEFP, informação sobre a estratégia delineada de apoio aos desempregados da Delphi de Ponte Sôr, apesar de várias tentativas para chegar à fala com os responsáveis.
http://jn.sapo.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Portalegre&Concelho=Ponte%20de%20Sor&Option=Interior&content_id=1458795
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