Em Copenhaga, com o objectivo de um acordo internacional sobre o clima, está a esperança de um mundo novo mais sustentável, confrontada, no entanto, com três crises interligadas: a crise ecológica resultando das alterações climáticas e da perda da biodiversidade; a crise económica global; a instabilidade dos preços das matérias-primas e da alimentação.
Do ponto de vista sindical esta situação apresenta-se como um dos desafios mais importante a resolver pelas gerações presentes e futuras.
A crise económica e social aumentou a necessidade de encontrar soluções industriais, agrícolas e nas pescas, assim como para as crises climáticas e das matérias-primas e do emprego digno. Se este desafio não for vencido teremos de fazer face ao risco de prolongamento e reforço da presente crise económica, social e ambiental actual. Urge portanto lançar a terceira revolução industrial europeia, baseada em empregos verdes, duráveis e decentes e em investimentos em tecnologias de fracas emissões de carbono, gerando empregos duráveis para as gerações actuais e futuras na Europa.
O modelo do capitalismo financeiro desenfreado prova a sua incapacidade. A economia mundial conhece a recessão mais grave desde os anos 1930, susceptível de se transformar numa depressão de longa duração. A crise tem causas complexas, mas tem origem o falhanço das políticas dos últimos 30 anos sob o domínio neo-liberal. A crença na eficácia dos mercados financeiros e da desregulamentação permitiu a emergência de um sistema bancário paralelo sem sustentabilidade.
A União Europeia tem o desafio das reestruturações industriais com que se confrontam os novos estados-membros. Novos investimentos em tecnologias e competências baixas em carbono deverão ser feitos num quadro de consultas completas e de uma negociação entre os parceiros sociais, empregadores e sindicatos.
A justiça social é uma parte integrante da solução da degradação ambiental
Os sindicatos, porque são um actor importante da globalização e do desenvolvimento, consideram que as negociações de Copenhaga deverão promover o início de um ambicioso processo de transformação, respondendo à questão urgente da redução das emissões dos gases com efeitos de estufa, porque está em questão a nossa forma de produzir, os nossos hábitos de consumo os modos de cooperação interna e com o resto do mundo. Os sindicatos são um elemento motor associando estreitamente as dimensões económicas, ambientais e sociais dessa mudança. Para o movimento sindical o emprego digno e durável é um pilar essencial da sustentabilidade.
É fundamental rever a análise, a organização e as decisões económicas para ter em conta o longo prazo e acoplar o ecológico e o social. Numa tal perspectiva, a finitude dos recursos naturais e o seu esgotamento estão agora na base dos constrangimentos económicos mais fundamentais.
Uma transição justa é um desafio colossal para todas as regiões do mundo
Reafirmamos o nosso desejo que as negociações cheguem a um acordo internacional restritivo, ambicioso e exaustivo visando limitar a subida das temperaturas em 2ºC respeitando os cenários do Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) que prevê uma redução de ao menos 25 a 40% dos níveis de 1990 até 2020 nos países desenvolvidos.
As alterações climáticas tocam directamente o sector energético. As transformações da produção de energia baseada nas energias fósseis para um sector energético baseado essencialmente nas energias renováveis e na eficiência energética são cruciais para atingir os objectivos de redução das emissões de carbono. As estruturas municipais e descentralizadas substituirão parcialmente as grandes unidades de produção centralizadas. É um grande desafio para os trabalhadores desse sector onde podem ser criados empregos verdes. Uma transição justa deve ser aproveitada também no sentido de reduzir os impactos negativos no emprego.
Mais do que o processo de criação e destruição de empregos a transição para uma economia sã, é pela fraca taxa de carbono que contribuirá para uma transformação dos empregos existentes. É a razão pela qual o caminho para uma economia mundial e durável passa pela transição de novos modelos de empregos industriais e agrícolas e nas pescas mais respeitadores do ambiente e ligados a uma política social, conduzindo em todos os sectores à aquisição de novas competências e ao seu reconhecimento e validação para os trabalhadores na produção e consumo sustentável.
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