«Sãos escandalosos os níveis de corrupção que este país está a registar. É escandalosa a disparidade que existe de compensações que determinados cidadãos têm pelos cargos que desempenham relativamente ao geral dos rendimentos que são auferidos pela população portuguesa», declarou à Agencia Lusa Eugénio da Fonseca.
No final do conselho geral da Cáritas Portuguesa, que terminou em Fátima, Eugénio da Fonseca acrescentou que «há, muitas vezes, até prémios que se concedem por maus serviços prestados».
Afirmando-se chocado com estas situações, o presidente da Cáritas Portuguesa sustentou que «a corrupção toda ela é má, mas há pessoas que pelos lugares que ocupam não podem, de forma nenhuma, entrar em mecanismos que não sejam éticos para poderem ser farol pelo qual se orientam os demais cidadãos».
«Tudo isto faz criar um certo desânimo porque se perdeu o sentido de alguns valores», observou, adiantando que «Portugal está a passar por um período de grande resignação, parece de um grande fatalismo».
«As expressões até populares muitas vezes ‘do não vale a pena’ quase que dão a entender que o país, enquanto país, já não tem viabilidade», apontou Eugénio da Fonseca, considerando que «isto não tem nada a ver com o espírito que sempre marcou o povo português, de ousar, de arriscar, de acreditar».
O presidente da Cáritas Portuguesa defendeu «uma reflexão muito séria» em torno destes assuntos, assim como a necessidade de a ética «voltar a orientar a política e a economia».
«Também sei - e quero dizer com toda a convicção - que há muita gente que é posta sob suspeita injustamente e eu aí julgo que a comunicação social também tem que fazer uma reflexão muito profunda», preconizou, justificando que «na praça pública se julgam pessoas» sem haver «todos os dados» que levem «a um julgamento justo, objectivo».
«E há pessoas na sociedade portuguesa que, apesar de estarem biologicamente vivas, já morreram para a sociedade porque as mataram, porque mataram o seu bom-nome», alertou Eugénio da Fonseca.
O conselho geral da Cáritas Portuguesa reuniu os representantes de 18 das 20 Cáritas diocesanas do país, num encontro que desde sexta-feira analisou a crise e definiu as linhas estratégicas para o próximo triénio.
Sol - 06.12.09
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