"O crescimento do ordenado mínimo é um passo essencial. Se cria problemas a alguns, é a sua vez de os resolver, porque não é à custa do mínimo de dignidade que se ergue um verdadeiro desenvolvimento", afirmou D. Carlos Azevedo, sustentando que "um dos maiores obstáculos a uma vida serena e pacífica, na hora presente, é a gravíssima e crescente vaga de desemprego".
Na missa que encerrou, no Santuário de Fátima, o conselho geral da Cáritas Portuguesa, o prelado - também bispo auxiliar de Lisboa - referiu que "o tempo de Advento quer apressar e dinamizar a chegada da luz na vida de cada um", mas "só eliminando os caminhos tortuosos das consciências e dos sistemas financeiros, económicos e políticos se verá a luz da salvação".
Para D. Carlos Azevedo, "também os sistemas eclesiásticos rotineiros são empecilho à luz", referindo que "exercer missão profética é discernir, na realidade histórica, os modos e meios para viver a salvação, é operacionalizar, hoje, em cada comunidade cristã o serviço da caridade".
Numa homilia que intitulou "Caridade crescente abre caminho à salvação", o prelado salientou que, "através de um conhecimento claro, experiencial e não de gabinete, do mistério amoroso de Deus, e através de um lúcido e delicado discernimento da situação concreta, a caridade cresce, porque não se reduz ao imediato das respostas, mas compreende o sentido da realidade, sem se acomodar".
Referindo-se à Cáritas Portuguesa, o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social lembrou que, "para muitos homens e mulheres", o seu trabalho "é um serviço que abate diversos obstáculos impeditivos do brilho da dignidade humana".
"A Cáritas (...) procura as vias mais directas para fazer chegar aos mais carenciados gestos de libertação, cuidados fraternos, ajudas a situações aflitivas", apontou, desafiando os fiéis a participarem na campanha "10 milhões de estrelas, um gesto pela paz".
Parte das receitas desta iniciativa - que convida à aquisição de velas ao preço de um euro cada para depois serem acesas na noite de Natal - reverte este ano excepcionalmente para os novos desempregados.
Segundo a instituição, das verbas a recolher na campanha, 35 por cento serão canalizadas para o fundo de apoio aos novos desempregados e suas famílias, enquanto os restantes 65 por cento vão ser aplicados, por cada uma das Cáritas Diocesanas, em projectos nacionais direccionados para a mesma temática.
"Adquirir uma vela e acendê-la no dia 24 de Dezembro é um gesto pela paz que contribuirá para aplanar a depressão de tantas famílias portuguesas", declarou D. Carlos Azevedo, pedindo ainda que neste Natal não cavem "mais fossos de desigualdades sociais".
Público.pt - 06.12.09
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