O número de desempregados detectados pelo IEFP deu em Janeiro o maior salto de que há memória: mais 31 mil em apenas um mês. Os despedimentos crescem e o mercado não absorve todos os que ficam sem trabalho: em Janeiro foram 70 mil, o segundo maior valor de que há registo No primeiro mês do ano inscreveram-se nos centros de emprego 70 334 desempregados, o segundo valor mais alto desde, pelo menos, 1979. Este número só foi supe- rado uma vez, quando em Setembro de 2004 se inscreveram mais de 71 mil pessoas, mostram dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) e do Banco de Portugal.
As inscrições aumentaram 44,7% em termos homólogos e 27,3% quando comparadas com Dezembro. O número de inscritos ao longo do mês tem vindo, aliás, a subir desde meados do ano passado. De Novembro a Janeiro registaram-se mais de 178 mil pessoas, o que representa o maior aumento homólogo (29%) dos últimos 15 anos.
Já há alguns meses que o mercado não consegue dar resposta ao aumento de novos desempregados. Por isso, os dados relativos aos que permanecem como desempregados no final do mês estão a aumentar e de forma cada vez mais expressiva. De Dezembro para Janeiro, o número de desempregados inscritos no IEFP passou de 416 mil para quase 448 mil. É um acréscimo de 31 mil em apenas um mês. Nunca o IEFP tinha registado um aumento absoluto mensal tão significativo. Em termos homólogos a variação é de 12%, a maior em cinco anos.
"Janeiro é sempre um mês de significativo aumento do desemprego", comenta ao DN Francisco Madelino, presidente do IEFP. Os dados revelam, contudo, que desta vez a subida é mais acentuada (ver gráfico). "A situação este ano é de tensão no mercado de trabalho. Temos a percepção de que se nada fosse feito a crise no mercado de trabalho seria semelhante à de 1992 e 1993", diz, defendendo a eficácia das medidas de apoio ao emprego e do reforço orçamental já anunciado pelo Governo.
Os dados do IEFP não são comparáveis aos do Instituto Nacional de Estatística (INE) - que se baseiam num inquérito trimestral -, que apontam para a estabilização homóloga do desemprego no final do ano passado. Mas, assumindo a mesma população activa, o número de de-sempregados em Janeiro implicaria uma taxa de desemprego de 8%.
25% foram despedidos
Um quarto das 170 mil inscrições registadas ao longo de Janeiro foi motivado por despedimentos unilaterais (14 724) ou por mútuo acordo (2274). O peso tem vindo a aumentar, já que estas situações explicavam, há um ano, 19% dos casos. Mas o principal motivo continua a ser o fim de trabalho não permanente.
A Região Norte registou o maior número absoluto (24 608), seguida de Lisboa (22 281). Mas foi no Algarve que se registou a maior variação anual: 36,7%.
Os mesmos dados revelam que é no sector da construção que o desemprego acumulado mais cresce (43,8%), seguido das indústrias da madeira e da cortiça (33%) e das extractivas (31%).
D.N. - 24.02.09
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
24/02/2009
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