João Paulo Guerra
O PS e José Sócrates tinham um problema: como manter a maioria absoluta nas legislativas. Agora o problema tem outra equação: como vencer as legislativas.
A vitória do PSD sobre o PS nas europeias não foi a "banhada" do PS sobre o PSD em idênticas eleições em 2004 - "banhada" foi a expressão usada por Marcelo Rebelo de Sousa na época. Nessa altura, o PSD estava no governo comandado por Durão Barroso e coligado com o CDS. O PS, na oposição, era liderado por Ferro Rodrigues.
A "banhada" foi esmagadora e prefigurou o que iria passar-se em 2005, nas legislativas. Só que, no ínterim entre as europeias e as legislativas, passaram-se muitos episódios: o primeiro-ministro fugiu, o governo passou por uma fase carnavalesca, o PS foi levado a mudar de líder.
Nas europeias de domingo os resultados mostraram, não apenas que a maioria absoluta do PS mas até mesmo que a vitória eleitoral, é volátil. Ao mesmo tempo, o PSD apresentou-se como que regenerado e capaz de uma façanha que há bem pouco ninguém admitiria: vencer eleições a curto prazo. E domingo, enquanto o salão de festas do PS desmontava o palanque, a sala do PSD registava enchente, com a ressurreição de imensos desaparecidos em combates passados. E agora, o PS vai ter que reagrupar as hostes, enquanto o PSD vai haver-se com os descrentes reconvertidos pela varinha de condão de uma vitória eleitoral, mesmo que escassa. O PSD ganhou com uma percentagem própria de uma derrota. Os tempos que se seguem vão ser animados.
Nas europeias, o partido do Governo perdeu para todos os quadrantes. Pelo que também não é difícil prever que os meses que aí vêm vão ser de ampla distribuição de rebuçados e outras guloseimas. A questão é que a mercearia já não vende fiado.
D.E. - 09.06. 09
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
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