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09/06/2009

Negócio do armamento de guerra continua em alta

As despesas com a indústria da guerra bateram recordes em 2008. O mundo quase duplicou os gastos militares face a 1999, por culpa da guerra ao terrorismo e da ambição russa e chinesa.

A crise quando nasce é para todos. Ou talvez não. A julgar por um relatório ontem publicado, a recessão, que levou à falência algumas das maiores empresas do mundo, está a passar ao lado da indústria do armamento.

Empurrado pela luta contra o terrorismo - as guerras dos EUA no Iraque e no Afeganistão - e pela ambição militar russa e chinesa, o mundo gastou um recorde de 1464 mil milhões de dólares em defesa no ano passado, mais quatro por cento do que em 2007 e quase o dobro do que há uma década atrás.

De acordo com o Instituto Internacional de Estudos para a Paz, sediado em Estocolmo (Sipri), isso corresponde a 2,4% da riqueza produzida no planeta. E, na prática, significa que por cada pessoa foram gastos 217 dólares em armas (cerca de 156 euros).

"A introdução da ideia de uma guerra contra o terrorismo levou muitos países a adoptarem uma perspectiva fortemente militarizada para os seus problemas", explicou à AFP Sam Perlo-Freeman, um dos autores do estudo.

Outra das razões que explicam esta tendência é o aumento das missões de paz, de que são exemplo o Darfur e a RDCongo.

A lista dos países gastadores é liderada de longe pelos EUA. A fatia de Washington cobre 41% do bolo. A América sozinha gasta mais do que os 14 países que a seguem juntos. A supremacia americana reflecte a política da administração republicana do ex-presidente George W. Bush.

A China ocupa, pela primeira vez, o segundo lugar na lista, com 6%, um "prémio" para as aspirações de Pequim, que triplicou os gastos militares na última década.

Atrás do gigante asiático, seguem-se a França e o Reino Unido, os europeus que são membros permanentes (e com direito de veto) do Conselho de Segurança da ONU, com 4,5% da despesa.

A Rússia, que nos últimos anos reforçou brutalmente os seus investimentos em defesa, após o colapso e a quebra que se seguiu à Guerra Fria nos anos 1990, ocupa o quinto lugar do ranking.

Em termos regionais, a América do Sul foi um dos subcontinentes que mais contribuíram para a tendência, aumentando as despesas em 50% na última década - empurrada pelo Brasil e pela escalada de despesas na Colômbia justificada pelo seu conflito interno contra os rebeldes das FARC.

A remar contra a maré, no topo da lista, aparecem Alemanha e Japão. As potências económicas europeia e asiática, que foram impedidas de ter exércitos após a derrota na II Guerra Mundial, reduziram as suas despesas militares em 11% e 17%, respectivamente.

D.N. - 09.06.09


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