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09/06/2009

Criticada intenção de Sócrates de manter rumo

A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) considerou hoje que o Governo vai cometer "um erro profundo", "penalizador para o país" se não aceder às reivindicações dos trabalhadores, expressas no voto de protesto das eleições europeias de domingo.

«É um erro profundo e será penalizador para o país, se o primeiro-ministro e o seu Governo continuarem a fazer ouvidos moucos às reivindicações e às propostas dos trabalhadores e outros sectores da população que se sentem penalizados», considerou hoje o secretário-geral da CGTP-IN, Carvalho da Silva.

O sindicalista respondia desta forma à afirmação feita pelo primeiro-ministro, José Sócrates, no discurso em que assumiu a derrota eleitoral nas europeias do passado domingo, em que sublinhou a sua intenção de manter inalterado o rumo da governação.

«Nós achamos que ficou claro que se impõem do Governo respostas e que o Governo não deve perder essa oportunidade. Inquestionavelmente nós estamos perante um novo cenário político. E se há um novo cenário político, existe uma oportunidade efectiva de uma viragem, de respostas aos problemas», defendeu Carvalho da Silva na conferência de imprensa que decorreu na sede da intersindical, convocada para analisar o resultado das eleições.

O secretário-geral da CGTP referiu que a intersindical se empenhou para que destas eleições resultasse uma mudança e que a mobilização social que ajudou a concretizar conduziu a um voto de protesto, traduzido «na afirmação mais forte e apresentação de caminhos alternativos por parte das forças marcadamente de esquerda».

Quanto à subida registada pela direita, com expressão mais forte na vitória obtida pelo Partido Social-Democrata (PSD) nestas eleições, Carvalho da Silva defendeu que «o reforço da direita só deixará de ser conjuntural se o Partido Socialista (PS) seguir as mesmas políticas», acrescentando que a subida da direita representa «protesto» e a da esquerda «afirmação».

Os números elevados da abstenção, que ficou acima dos 60 por cento em Portugal, não foram também esquecidos por Carvalho da Silva, que os atribuiu às políticas nacionais e europeias que afastam os cidadãos do processo de construção da Europa, que aprofundam as desigualdades e levam ao aumento da pobreza e do desemprego.

Tendo em conta aquilo que considerou ser uma oportunidade para uma viragem, para uma mudança enquadrada no novo cenário político saído das eleições, a CGTP prepara-se para, no final de Junho ou início de Julho, fazer chegar a todos os partidos políticos «um conjunto de propostas muito sintetizado» a pensar nas eleições legislativas.

«Não nos limitamos a denunciar. Apresentaremos sobre matérias fundamentais aquilo que devem ser os compromissos para que se concretize nas eleições legislativas uma viragem efectiva das políticas em Portugal», adiantou Carvalho da Silva.

A propósito de uma petição saída na passada semana da conferência da Confederação Europeia dos Sindicatos e que exige o fim dos paraísos fiscais na Europa, o secretário-geral da CGTP anunciou ainda que a intersindical tenciona «desenvolver uma acção intensa» em Portugal com o intuito de atingir esse objectivo.

O texto dessa petição está desde sexta-feira disponível no sítio da intersindical e já foi subscrito, de acordo com Carvalho da Silva, por centenas de pessoas.

Destak.pt - 08.06.09

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