Quase 4000 empresas pediram a insolvência em 2010, mais 8,29% do que no ano anterior. Um quarto situa-se no distrito do Porto. Construção e imobiliário são os sectores mais penalizados.
Foram quase quatro mil as empresas em dificuldades financeiras que pediram a insolvência ao longo do ano de 2010, mais 8,29% que no ano anterior. São 11 por dia. Um crescimento de 305 casos em relação a 2009 e de 1188 face a 2008, quando a crise começou.
De acordo com os dados do Instituto Informador Comercial, a que o DN teve acesso, mais de mil empresas situam-se na região do Porto e outras 800 em Lisboa. Mas foram distritos como Beja, Faro, Portalegre e os Açores que registaram, em termos percentuais, os maiores aumentos. Destaque para o boom de insolvências na agricultura, silvicultura e exploração florestal e para a pesca e aquicultura. E, pelo seu peso, para a construção, promoção imobiliária e para o comércio.
Com evidentes dificuldades de competitividade face aos concorrentes europeus, a agricultura e a produção animal acumulou, em 2010, 29 empresas em situação de insolvência, mais 18 do que no ano anterior. Na silvicultura e exploração florestal sete empresas declararam-se em dificuldades, quando o sector, dois anos antes, registava apenas um caso. Situação idêntica à pesca e aquicultura, que regista quatro casos, contra um há dois anos. Recorde-se que a declaração de insolvência é o primeiro passo para que uma empresa em dificuldades financeiras possa entrar em processo de recuperação, o qual terá de ser aprovado em assembleia de credores.
Mas é a construção e o imobiliário que mais pesam no total das empresas que fecharam as portas em Portugal: 1058 casos. A atravessar uma crise histórica, que se arrasta desde 2002, o sector da construção contribui com 846 empresas a declarar insolvência, sendo que só 536 são referentes à área da promoção imobiliária e construção de edifícios, o segmento mais afectado pela crise e que regista um agravamento de 157 casos num só ano. Se acrescentarmos as actividades imobiliárias a este número, o crescimento é de 191 situações para um total de 648 casos.
Os responsáveis da construção e do imobiliário têm alertado para "a situação-limite" em que vive o sector, de quase luta pela sobrevivência. Nos últimos sete anos, a construção e o imobiliário perderam 206 mil postos de trabalho, sendo responsáveis por 47% do total de desempregados em Portugal. Com o arrastar da crise, acumula uma quebra de produção de 30% desde 2002.
Preocupado, Reis Campos, vice-presidente da Federação das Empresas de Construção, tem considerado que os números das insolvências "pecam sempre por defeito", porque estes processos são lentos. E alerta que "se nada for feito vão agravar-se muito mais".
O comércio a retalho e por grosso é, no conjunto, o segundo sector com maior peso nas insolvências, num total de 1001 casos, embora em 2010 registe um ligeiro recuo face a 2009 (ver infografia). É o resultado do apertão no cinto das despesas das famílias portuguesas e do impacto da forte concorrência das grandes superfícies.
Significativo, num ano em que o país atravessou grandes dificuldades económicas, é o aparecimento de cinco empresas de actividades auxiliares de serviços financeiros e dos seguros a reque- rerem processos de insolvência, quando, nos últimos dois anos, havia apenas uma situação.
Menos casos de empresas em dificuldades registaram indústrias como os têxteis e o vestuário, o couro, ou os transportes terrestres e transportes por oledutos ou gasodutos, todos com menos 25 a 30 situações do que em 2009.
O Porto continua a ser o distrito com maior peso de empresas insolventes (1003 casos), seguido de Lisboa (797) e de Braga (575). Os três distritos em conjunto representam nada menos de 60% das empresas em processo de insolvência do País.
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