Algumas ficam sem os filhos depois de provarem ter melhores condições de vida.
Susana queria passar o Natal com os filhos, mas não chegou sequer a entregar-lhes os presentes: foi impedida de entrar na instituição onde estavam. O tribunal decidiu que iam para adopção e que não podia voltar a vê-los. Susana contratou um advogado e diz que não vai desistir de lutar pelos filhos de oito e dez anos.
Durante as visitas à instituição, Pedro e Maria (nomes fictícios) perguntavam-lhe porque estavam ali e quando poderiam voltar para casa. "Eram os momentos mais difíceis dos encontros semanais, desabafa a mãe", que tinha de enfrentar o sentimento de ter abandonado os filhos.
Susana vivia com eles em casa dos pais, ambos alcoólicos. O vício foi a razão para a assistente social sugerir que as crianças estariam melhor longe da família. Com o consentimento da mãe, foram institucionalizadas em Agosto de 2008. Seria temporário, até "endireitar a vida".
Arranjou uma casa "grande, que tem um quarto para cada um" e um emprego a tomar conta de crianças, mas os filhos continuam institucionalizados. No final do ano passado explicou em tribunal que já estava em condições para receber os meninos, mas a decisão foi contrária: as crianças iam ser dadas para adopção. "Ninguém foi ver como estavam as coisas. Tudo o que tinha conseguido. Simplesmente decidiram assim, mas eu não vou desistir até ter os meus filhos comigo", conta. Enquanto o advogado reúne as "provas" que façam mudar a decisão judicial, Pedro e Maria vão crescendo numa instituição.
"Toda a instituição maltrata. É um processo que tem sempre efeitos perversos sobre a vida da criança, mas é um mal absolutamente necessário para situações de negligência e abuso", diz Manuel Sarmento, investigador do Instituto de Estudos da Criança, da Universidade do Minho.
As filhas de Adelina também foram institucionalizadas porque a casa onde viviam não tinha condições para as meninas. Mas Adelina continua a viver lá. Às vezes, as filhas aparecem-lhe à porta: "Fogem da instituição porque dizem que querem estar aqui."
O presidente da Associação Emergência Social, Javier Calderon, que acompanhou o processo de Adelina, lança uma pergunta: "Se lhe perguntassem se preferia viver numa barraca com a família ou numa instituição, o que é que respondia?"
http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1541628
Sem comentários:
Enviar um comentário