A CGTP condenou hoje a falta de diálogo do Governo, nomeadamente na alteração das regras de atribuição do subsídio de desemprego, considerando que "a democracia está posta em causa e a governação está absolutamente subvertida".
"Não há diálogo, não há negociação, este Governo não tem diálogo social nenhum", afirmou o secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, em declarações aos jornalistas no final de uma audiência com o Presidente da República, que se prolongou por mais de hora e meia.
Insistindo que "há uma destruição clara do diálogo social em Portugal", Carvalho da Silva apontou as alterações às regras de atribuição do subsídio de desemprego anunciadas na terça-feira como "uma demonstração de que a governação está absolutamente subvertida, a democracia está posta em causa".
Escusando-se a comentar sobre as mudanças, Carvalho da Silva condenou a atitude do Governo de decidir e anunciar as alterações antes de se reunir com os sindicatos.
"Então o ministro convida-nos para uma reunião amanhã ao fim do dia para discutir estes assuntos e querem que eu comente antes aquilo que o Governo decidiu", questionou o secretário-geral da CGTP.
Antes, Carvalho da Silva já tinha acusado o executivo PSD/CDS-PP de estar a lançar "cortinas de fumo", centrando a discussão no alargamento do horário de trabalho ao mesmo tempo que "está a fazer passar medidas que também têm implicações gravosas".
"Esta ofensiva carregada de irracionalidade do aumento do horário de trabalho está a servir ao mesmo tempo de cortina de fumo para a destruição de muitos dos direitos fundamentais dos trabalhadores", referiu, apontando como exemplo os cortes nas retribuições para além do salário base e a redução da indemnização por despedimento.
"Tudo pode provocar no próximo ano uma perda dos dois salários no conjunto da retribuição por ano, em alguns casos ultrapassa mesmo os dois salário", frisou.
Entre os assuntos em cima da mesa no encontro com o Presidente da República esteve ainda, segundo Carvalho da Silva a "lógica estratégica de empobrecimento e de uma injustiça absoluta" que está a ser seguida pelo Governo, que "considera que quem mais do que um salário mínimo já pertence à classe média".
Questionado sobre os últimos número do desemprego, o secretário-geral da CGTP disse apenas que, "como já era previsto apontam para um agravamento acelerado", reiterando a necessidade de "haver uma alteração das políticas seguidas", dando prioridade ao investimento e ao emprego.
"Não há solução para os problemas no nosso país por via dos pacotes de austeridade um a seguir ao outro", acrescentou ainda Carvalho da Silva.
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