À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

14/12/2011

Dona Abastança - Poema de Manuel da Fonseca

«A caridade é amor»

Proclama dona Abastança

Esposa do comendador

Senhor da alta finança



Família necessitada

A boa senhora acode

Pouco a uns a outros nada

«Dar a todos não se pode»



Já se deixa ver

Que não pode ser

Quem

O que tem

Dá a pedir vem



O bem da bolsa lhes sai

E sai caro fazer o bem

Ela dá ele subtrai

Fazem como lhes convém

Ela aos pobres dá uns cobres

Ela incansável lá vai

Com o que tira a quem não tem

Fazendo mais e mais pobres



Já se deixa ver

Que não pode ser

Dar

Sem ter

E ter sem tirar



Todo o que milhões furtou

Sempre ao bem-fazer foi dado

Pouco custa a quem roubou

Dar pouco a quem foi roubado



Oh engano sempre novo

De tão estranha caridade

Feita com dinheiro do povo

Ao povo desta cidade

(Obrigado Zé Covas)

Sem comentários:

Related Posts with Thumbnails