À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

16/06/2011

Descidas

Afinal, contas feitas, a descida da famosa «Taxa Social Única» (TSU) só reduz custos de empresas em 0,8%!
Concretamente, a redução da TSU em quatro por cento – número exigido pela troika nesta sua «medida emblemática» - apenas gerará uma poupança para as empresas inferior a um por cento dos custos totais de produção.
Portanto, quando a troika faz fincapé na redução da TSU neste quantitativo, sob o pretexto de que tal irá «reduzir custos e promover a competitivdade» nas empresas, está a mentir com todos os dentes da bocarra.
Em contrapartida, o que de certeza tal corte provocará... é uma significativa redução do dinheiro que hoje entra na Segurança Social, pondo seriamente em risco a sua solidez e, de seguida, a sua viabilidade.
Ora rebentando-se com a Segurança Social  irá tudo por água abaixo: reformas, pensões e quaisquer subsídios...
Isto, a troika não diz – mas é o que visa com esta «medida emblemática».

Lixos  

Ao que parece, metade do sangue doado em Portugal (que, por sinal, bate recordes mundiais neste generoso empenho de doar sangue graciosamente) vai... para o lixo! Razão: há falta de equipamentos que permitiriam extrair derivados de plasma do sangue recolhido, pelo que esses mesmos derivados continuam a ser importados do estrangeiro pela «módica» quantia de 70 milhões de euros /ano.
Além disso, bastaria um protocolo com a vizinha Espanha – segundo diz o presidente do Instituto do Sangue – para resolver este problema da «falta de equipamentos» para extração de plasma. Espanha possui um centro desses e Portugal, com meio milhão de dadores, tem deste 2004 um superavit de sangue de primeira qualidade, pelo que o negócio interessaria a ambos os países e, sobretudo, seria vantajoso financeiramente para ambos.
Mas no ministério da Saúde português o que interessa é «poupar» nos transportes de ambulância, nos medicamentos aos reformados com pensões de miséria, no encerramento de centros de Saúde e de maternidades...

Equipamentos

Entretanto, foi também notícia que a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS) não sabe qual é a actual capacidade instalada em equipamentos e instalações... do Serviço Nacional de Saúde!
Para se aferir o nível (ou desnível, pois é de «abismos» que falamos) a que chega esta bandalheira, basta referir que a ACSS não faz a mínima ideia de quanto gastou em sistemas informáticos  instalados no Serviço Nacional de Saúde nos últimos dez anos...
De facto, isto da «governação social» dos governos PS e PSD (pois ambos a reivindicam, embora nenhum a pratique) é um verdadeio «fartar vilanagem»...

«Produções»

No mesmo dia em que o Presidente da República, Cavaco Silva, perorava no discurso do 10 de Junho que é preciso «reanimar a agricultura», foi notícia de que há em Portugal 220 mil agricultores que são pagos para não produzir com subsídios da União Europeia – esquema, aliás, que já vem do tempo dos governos próprio Cavaco Silva.
«Reanimar» o quê?

http://www.avante.pt/pt/1959/argumentos/115031/

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