António Freitas de Sousa
Queixas sobre custos dos transportes multiplicam-se.
Paulo, professor universitário, não tem dúvidas: "Os transportes públicos são cada vez mais só para os ricos" - e os aumentos que o Governo prevê introduzir no sector só vão aumentar as dificuldades de quem tem, "não sendo rico", de os utilizar.
A perspectiva pode parecer estranha, mas as contas do professor numa universidade privada põem a claro o que está longe de ser uma evidência: "A duas pessoas que se desloquem do Porto para Lisboa, ainda vale a pena fazer as contas, mas para um grupo de três já não há dúvidas - vale mais meterem-se num automóvel e dividir as portagens e a gasolina, do que irem de comboio, mesmo que seja na classe mais barata". A perder fica a CP, que não consegue competir com os seus serviços Alfa e Intercidades, apesar dos aumentos sistemáticos dos combustíveis e das portagens - ficando a sua utilização a dever-se a factores não financeiros, como a comodidade e os ganhos de tempo.
O senhor Adelino, com mercearia montada à moda antiga numa artéria razoavelmente movimentada do Porto, não costuma ir a Lisboa de comboio, pelo que as contas do professor universitário não entram no seu ‘deve & haver' mensal; mas não tem dúvidas que "um dia destes, ninguém aguenta pagar mais aumentos". E recorda: a subida dos transportes "é só mais um dos muitos que estamos à espera para o ano".
Augusto, reformado do sector bancário, está mais sereno - o que ficará com certeza a dever-se ao facto de pagar apenas 50% do custo do passe de cidade (com acesso à STCP e ao Metro) uma vez que já ultrapassou os 65 anos. Mas não se esquece de quem é mais novo e por isso invectiva fortemente contra "este Governo", deixando também uma palavra de desagrado pelos "especuladores que estão a ‘secar' a economia portuguesa" e a contribuir para o aumento dos juros da dívida soberana.
Soberano dentro do seu Opel Insígnia quase novo, Abílio - talvez o único taxista do Porto que ostenta a qualidade de um curso superior de Engenharia - está farto de perder tempo a não fazer nada, enquanto espera que os clientes lhe cheguem porta dentro. Sem poder precisar a taxa de quebra do negócio, afirma que a procura dos seus serviços tem vindo a decrescer paulatinamente ao longo dos últimos meses - tendência a que acresce ainda a subida do preço dos combustíveis, para ajudar a compor uma conjuntura "muito negativa" que não vislumbra poder vir a melhorar em 2011.
É, aliás, esta dupla realidade - a do crescimento dos transportes e dos combustíveis - que parece estar a deixar as pessoas num impasse sem solução: quer seja utilizando transporte privado quer se recorra aos transportes públicos, o certo é que, em 2011, a factura dos transportes vai pesar bem mais no orçamento familiar do próximo ano.
Paulo, professor universitário, não tem dúvidas: "Os transportes públicos são cada vez mais só para os ricos" - e os aumentos que o Governo prevê introduzir no sector só vão aumentar as dificuldades de quem tem, "não sendo rico", de os utilizar.
A perspectiva pode parecer estranha, mas as contas do professor numa universidade privada põem a claro o que está longe de ser uma evidência: "A duas pessoas que se desloquem do Porto para Lisboa, ainda vale a pena fazer as contas, mas para um grupo de três já não há dúvidas - vale mais meterem-se num automóvel e dividir as portagens e a gasolina, do que irem de comboio, mesmo que seja na classe mais barata". A perder fica a CP, que não consegue competir com os seus serviços Alfa e Intercidades, apesar dos aumentos sistemáticos dos combustíveis e das portagens - ficando a sua utilização a dever-se a factores não financeiros, como a comodidade e os ganhos de tempo.
O senhor Adelino, com mercearia montada à moda antiga numa artéria razoavelmente movimentada do Porto, não costuma ir a Lisboa de comboio, pelo que as contas do professor universitário não entram no seu ‘deve & haver' mensal; mas não tem dúvidas que "um dia destes, ninguém aguenta pagar mais aumentos". E recorda: a subida dos transportes "é só mais um dos muitos que estamos à espera para o ano".
Augusto, reformado do sector bancário, está mais sereno - o que ficará com certeza a dever-se ao facto de pagar apenas 50% do custo do passe de cidade (com acesso à STCP e ao Metro) uma vez que já ultrapassou os 65 anos. Mas não se esquece de quem é mais novo e por isso invectiva fortemente contra "este Governo", deixando também uma palavra de desagrado pelos "especuladores que estão a ‘secar' a economia portuguesa" e a contribuir para o aumento dos juros da dívida soberana.
Soberano dentro do seu Opel Insígnia quase novo, Abílio - talvez o único taxista do Porto que ostenta a qualidade de um curso superior de Engenharia - está farto de perder tempo a não fazer nada, enquanto espera que os clientes lhe cheguem porta dentro. Sem poder precisar a taxa de quebra do negócio, afirma que a procura dos seus serviços tem vindo a decrescer paulatinamente ao longo dos últimos meses - tendência a que acresce ainda a subida do preço dos combustíveis, para ajudar a compor uma conjuntura "muito negativa" que não vislumbra poder vir a melhorar em 2011.
É, aliás, esta dupla realidade - a do crescimento dos transportes e dos combustíveis - que parece estar a deixar as pessoas num impasse sem solução: quer seja utilizando transporte privado quer se recorra aos transportes públicos, o certo é que, em 2011, a factura dos transportes vai pesar bem mais no orçamento familiar do próximo ano.
Sem comentários:
Enviar um comentário