À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

19/12/2010

O bom aluno europeu!

Honório Novo

É impressionante a velocidade com que Sócrates e o Governo se desdizem. Uns lembrarão mais a aposta nas obras públicas e o combate ao desemprego, o cheque bebé e a majoração do abono de família, os apoios sociais aos desprotegidos; outros lembrarão a recusa do aumento de impostos, o apoio às pequenas empresas e ao comércio local! Hoje ninguém duvida do que Sócrates queria afinal dizer: investimento público no mínimo da década, cheque bebé e abono de família por um canudo, cortes sociais ao sabor do espartilho das finanças, impostos a disparar sobre quem trabalha e a pequenas empresas, abertura total e irrestrita das grandes superfícies, fugas fiscais "legais", baixa tributação e isenção dos poderosos.
Há, contudo, um aspecto que tem passado um pouco mais desapercebido neste "diz que não disse" de Sócrates: a forma como o Governo tem deixado Portugal alinhar com o fundamentalismo da Sra. Merkel e do Sr. Sarkozy. Chega a ser ultrajante a maneira como Sócrates e o seu Governo dizem uma coisa em Lisboa e, depois dos raspanetes europeus, voltam de Bruxelas a dizer o contrário.
Assim acontecera com o PEC 2, que obrigou PS e PSD a dançarem o tango no primeiro aumento dos impostos; aconteceu com a "governação económica e o semestre europeu", que querem elaborar o Orçamento em vez do nosso Parlamento, que nos querem multar em centenas de milhões, e que já tem na calha um novo tratado que substitua o de Lisboa (o tal que era para "50 anos"...); assim aconteceu também para aprovar o Orçamento, com novo aumento de impostos e o corte dos salários.
E aconteceu mais uma vez esta semana com a total submissão do Governo à vontade "dos mercados internacionais" que, através de Merkel, ditaram a Sócrates novas leis para despedir em Portugal.

http://jn.sapo.pt/Opiniao/default.aspx?opiniao=Hon%F3rio%20Novo

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