O presidente da Galp Energia diz que a greve dos dias 19 a 21 de Abril vai "sacrificar" os resultados de 2010 e demonstra "falta de solidariedade para com o futuro da empresa", argumentos que os trabalhadores acusam de "demagogia".
Numa nota interna enviada por Ferreira de Oliveira aos colaboradores da Galp na sexta feira, a que a agência Lusa teve acesso, o presidente da empresa lamenta a paralisação, referindo que "os objectivos da greve não são justos nem possíveis de satisfazer, apesar da nossa melhor vontade para evitar conflitos laborais".
O responsável argumenta ainda que "uma greve neste contexto não defende os interesses nem de curto nem de longo prazo dos que aqui trabalham e muito menos dos que aspiram a vir a trabalhar connosco; para além do custo da greve, que a todos afecta, está também em jogo a falta de solidariedade para com o futuro da empresa".
Em comunicado, a Federação das Indústrias Metalúrgica, Química, Farmacêutica, Eléctrica, Energia e Minas (Fiequimetal) acusa o presidente de administração da Galp de "demagogia", criticando a mensagem enviada por Ferreira de Oliveira.
"Falar em consequências nefastas da greve, face aos investimentos nas refinarias e às paragens técnicas a que estas irão estar sujeitas é, por um lado, um insulto ao conhecimento e inteligência dos trabalhadores e, por outro lado, uma contradição e uma mostra de hipocrisia quando refere custos elevados decorrentes da greve", refere.
Na sequência da nota de Ferreira de Oliveira, a Fiequimental enviou uma carta aberta ao presidente da Galp Energia, onde refere que a iniciativa de Ferreira de Oliveira é "uma mensagem inteiramente desprovida de sentido, porque totalmente inócua quanto aos seus objectivos".
Os trabalhadores da Galp Energia partem para uma greve de três dias, de 19 a 21 de Abril, na sequência da recusa da administração da empresa em subir os salários em cerca de 2,8 por cento, com 55 euros de aumento mínimo.
Na ausência de um acordo, a administração da empresa decidiu proceder a uma actualização salarial de 1,5 por cento.
Além do aumento, os trabalhadores querem uma percentagem dos lucros da empresa em 2009, que ascenderam a cerca de 220 milhões de euros.
A prática de distribuição de uma parcela dos lucros tem sido prática nos últimos cinco anos, mas este ano foi descartada por estes terem ficado abaixo dos 300 milhões de euros.
"Não é possível distribuir resultados que não alcançámos", refere Ferreira de Oliveira no documento, lembrando o acordo assinado com os sindicatos referente à atribuição do prémio de produtividade.
"O aumento geral de 1,5 %, que decidimos sem o acordo dos sindicatos, corresponde a um aumento relevante do poder de compra, particularmente quando enquadrado no contexto dos nossos resultados e da crise económica em que vivemos, da qual resultou uma inflação negativa em 2009", acrescenta Ferreira de Oliveira.
A empresa já garantiu que o abastecimento não está em risco durante este período.
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Economia/Interior.aspx?content_id=1542150
Sem comentários:
Enviar um comentário