Estudo desenvolvido pelo Observatório dos Trajectos dos Estudantes do Ensino Secundário (OTES) e pelo Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação (GEPE-ME), no qual foram inquiridos 46175 alunos do 10º ano ou de nível de ensino equivalente, em 588 escolas do país. Os resultados indicam que as origens sociais são bastante influentes no aproveitamento escolar dos estudantes, no tipo de orientação escolar que escolhem no secundário e na amplitude das suas expectativas formativas e profissionais.
A partir da análise das classificações obtidas no final do 9º ano de escolaridade, bem como as retenções e interrupções durante o trajecto no ensino básico, foi possível aos investigadores delimitar três grandes perfis de desempenho escolar: os trajectos de desempenho escolar elevado, mediano e, por último, os trajectos não lineares e de desempenho escolar mediano. Os alunos provenientes de famílias mais escolarizadas são os que obtiveram, em termos proporcionais, melhores resultados escolares: por exemplo, 72,1% dos alunos em que pelo menos um dos progenitores/responsável concluiu o ensino superior insere-se na categoria dos que percorreram trajectos de desempenho escolar elevado; apenas 27,5% dos alunos cujas famílias atingiram um nível escolar igual ou inferior ao 1º ciclo do ensino básico integram esse grupo.
Fonte: Questionário OTES/GEPE – 2007/2008.
A categoria sócio-profissional dos pais assume-se também como um factor estruturante desses mesmos trajectos escolares. Enquanto 65,8% dos jovens oriundos de famílias que trabalham em actividades que requerem elevadas qualificações (os Profissionais Técnicos e de Enquadramento) se incluem no grupo dos alunos com trajectos de desempenho elevado, apenas 37,9% e 39,0% dos que provêm de famílias de Operários e Empregados Executantes, respectivamente, revelam esse perfil de desempenho.
O estudo demonstra também que a família de origem é um factor importante na definição da orientação escolar no ensino secundário e no modo como estes jovens projectam o seu futuro formativo e profissional.
De facto, entre os alunos que escolheram cursos científico-humanísticos, 24,2% e 25,5% têm pais que concluíram o ensino secundário e superior, respectivamente, enquanto apenas 17,5% e 7,3% dos que optaram por cursos profissionais qualificantes provêm de famílias com esse tipo de recursos escolares.
Por outro lado, 89,0% dos inquiridos cujos pais concluíram o ensino superior querem aceder a esse patamar de ensino, expectativa acalentada por apenas 43,1% dos que provêm de famílias com baixos recursos escolares (iguais ou inferiores ao 1º ciclo do ensino básico). São precisamente os jovens com origens sociais favorecidas em recursos escolares os que almejam, de forma mais intensa, aceder a profissões dominantes – isto é, a actividades profissionais integradas na categoria dos Quadros Superiores da Administração Pública, Dirigentes e Quadros Superiores de Empresas ou dos Especialistas das Profissões Intelectuais e Científicas.
Quer a orientação escolar escolhida, quer a definição dos projectos escolares e profissionais, tendem também a variar de acordo com a situação sócio-profissional das famílias de origem.
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