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20/05/2010

Crise, austeridade e resistência: A asfixia do capital

Drásticos cortes salariais, redução dos benefícios sociais e subida indiscriminada dos impostos acentuam o descontentamento das massas e agravam o estado de catástrofe das economias europeias.

Na mesma semana em que o primeiro-ministro português anunciou mais um pacote de medidas antipopulares, em Espanha o seu homólogo José Luis Zapatero deixou os sindicatos sem margem de manobra, obrigando-os a declarar uma greve geral para 2 de Junho. Isto mesmo foi admitido por Cándido Méndez, líder da UGT que advertiu, dia 12, o presidente do governo: «As relações com os sindicatos vão mudar» porque a partir de agora estes «terão de canalizar e gerir o conflito social».
Depois de já ter anunciado em Janeiro o congelamento das admissões na função pública, a redução dos subsídios de desemprego e a subida da idade da reforma de 65 para 67 anos, Zapatero anunciou medidas adicionais: redução média de salários em cinco por cento, já a partir do próximo mês, suspensão das actualizações das pensões de reforma, fim do subsídio de nascimento.
Na Grécia, a situação social foi levada ao rubro por sucessivos planos draconianos contra os trabalhadores e as camadas mais desfavorecidas. Em resposta à redução de sete por cento, em média, nas pensões de reforma, todos os sindicatos convocaram para hoje, dia 20, uma greve geral de 24 horas (a quinta realizada este ano por todas as centrais).
Neste país, os salários na função pública estão congelados até 2014, foram suprimidos os 13.º e 14.º meses, bem como vários outros subsídios, a idade da reforma foi aumentada, o IVA passou para 23 por cento, o desemprego disparou para 12,1 por cento. A economia mergulha numa profunda recessão, devendo o PIB contrair-se quatro por cento este ano.
Na Irlanda, a taxa de desemprego atingiu 13,4 por cento em Abril, algo que há muito não se via no país. Apesar das draconianas medidas anti-sociais tomadas ainda em 2009, o défice público de 14,3 por cento é superior ao da Grécia (13,6%). O governo decidiu reduzir entre 5 e 15 por cento os salários da função pública, cortar as prestações sociais, mesmo aos desempregados e introduzir novos impostos como uma taxa de carbono e outra sobre a água, bem como um agravamento geral dos rendimentos do trabalho.
Na Lituânia, a população foi reduzida literalmente à miséria depois dos cortes de 20 a 30 por cento dos salários, de 11 por cento das pensões e aumento dos impostos. O desemprego atinge 14 por cento da população activa e o PIB diminuiu 15 por cento no ano passado.
Na Roménia, o presidente anunciou, dia 6, uma redução de 25 por cento dos salários do sector público e de 15 por cento das pensões e dos subsídios de desemprego. Desde o ano passado que este país se entregou nas mãos do FMI.
Mas também países como a França, a Grã-Bretanha ou a Itália já iniciaram os respectivos programas de austeridade e preparam-se para anunciar medidas ainda mais duras.

http://www.avante.pt/noticia.asp?id=33631&area=8

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