O secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, indignou-se hoje por o primeiro-ministro ter admitido que os professores portugueses podem encontrar no mercado de língua portuguesa uma alternativa ao desemprego em Portugal, aconselhando Passos Coelho a emigrar.
"Penso que o senhor primeiro-ministro podia aproveitar (a sugestão) e ir ele próprio desgovernar outros países e outros povos. Não desejo no entanto que esses países e esses povos sejam os nossos irmãos de língua portuguesa", disse Mário Nogueira, reagindo à entrevista hoje publicada pelo Correio da Manhã.
Na entrevista, Pedro Passos Coelho admite que os professores portugueses podem olhar para o mercado da língua portuguesa como uma alternativa ao desemprego que afecta a classe em Portugal.
"Em Angola e não só, o Brasil também tem uma grande necessidade, ao nível do ensino básico e secundário, de mão de obra qualificada", respondeu o primeiro-ministro quando questionado se aconselharia os professores excedentários em Portugal a abandonar a sua zona de conforto e procurar emprego noutro sítio.
"Sabemos que há muitos professores em Portugal que não têm, nesta altura, ocupação. E o próprio sistema privado não consegue ter oferta para todos. Estamos com uma demografia decrescente, como todos sabem, e portanto nos próximos anos haverá muita gente em Portugal que, das duas uma, ou consegue, nessa área, fazer formação e estar disponível para outras áreas ou, querendo manter-se, sobretudo como professores, podem olhar para todo o mercado de língua portuguesa e encontrar aí uma alternativa", disse o primeiro-ministro.
Se o Estado pode ajudar neste caminho, Passo Coelho respondeu que em "certa medida sim", referindo os projectos de cooperação, sobretudo ao nível da língua portuguesa, seja em Timor, em Angola, Moçambique ou outros países.
Estes programas, revelou, podem ser alargados, sobretudo em países com mais recursos disponíveis para os financiar, como o Brasil, Angola, Moçambique ou Timor.
Em declarações à Lusa, o líder da Federação Nacional dos Professores (FENPROF) afirmou que os cidadãos daqueles países "merecem muito melhor" do que Portugal tem hoje em termos políticos.
"Só por isso é que não desejo que ele (Passos) vá para lá", declarou.
Para Mário Nogueira, a Educação em Portugal está, neste momento, debaixo de fogo, "o fogo de quem está a ver como é que consegue pôr o menor número possível de professores nas escolas".
Mário Nogueira sublinhou que os portugueses têm o direito de estar em Portugal e ter trabalho em Portugal: "Dizer que têm de emigrar é uma falta de vergonha imensa".
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