Segundo o relatório do Eurobarómetro “Monotoring the social impact of the crisis: public perceptions in the European Union”, publicado em Junho de 2010, a maioria da população dos países da UE-27 considera que a pobreza nacional está significativamente generalizada. Portugal foi um dos países no qual uma porção mais elevada da sua população considerou que o nível pobreza sofreu uma evolução acentuada no último ano.
Em geral, os europeus percepcionam de forma negativa a evolução dos níveis de pobreza ao longo do último ano, no contexto da União Europeia. Cerca de 60% inquiridos considera que a pobreza aumentou na União Europeia e 3/4julga que este fenómeno cresceu no seu país, de forma mais ligeira ou mais acentuada.
Para 74% da população grega, a pobreza a nível nacional sofreu um forte aumento nos últimos 12 meses; 65% dos romenos, 61% dos portugueses e 60% dos espanhóis partilham esta mesma perspectiva relativamente à situação dos seus países. Para este indicador, a média da União situa-se nos 38%. No caso da população portuguesa, cerca de 90% dos inquiridos considera que a pobreza aumentou (ligeira ou fortemente), enquanto apenas 1,5% afirma que a pobreza nacional sofreu uma diminuição e 3,7% que a dimensão deste fenómeno se manteve. Em sentido contrário, a Irlanda destaca-se, com 17,9% da sua população a considerar que a pobreza nacional decresceu fortemente. Por outro lado, mais de 1/5 da população da República Checa julga que, ao longo do último ano, a pobreza nacional decresceu, ainda que de forma ligeira.
Cerca de 30% dos cidadãos da União Europeia estima que 1 em cada 3 residentes no seu país é pobre e uma proporção idêntica de inquiridos considera que 20% da população do seu país se encontra nessa situação. É nos países do leste da Europa que se concentram as maiores percentagens de indivíduos que afirmam que pelo menos 20% da população nacional está em situação de pobreza – 86% dos inquiridos na Roménia e na Hungria expressam esta perspectiva. Este indicador atinge os 70% em Portugal, nove pontos percentuais acima da média europeia. Nos países nórdicos os indivíduos que consideram que no mínimo 1/5 dos residentes do seu país é pobre, representam menos de 40% da população – na Dinamarca, por exemplo, este valor é de apenas 16%.
O relatório do Eurobarómetro aborda ainda as percepções dos europeus no que respeita a outros domínios em que o impacto da crise se faz sentir: situação financeira dos agregados familares, despesas com cuidados de saúde, habitação, emprego e expectativas face às pensões de reforma.
Um em cada seis cidadãos europeus afirmou que, ao longo do ano que antecedeu o inquérito, o seu agregado familiar experienciou pelo menos uma situação em que não teve dinheiro para fazer face às despesas correntes, comprar comida ou outros bens de consumo diário. Estas despesas quotidianas são, aliás, motivo de ansiedade e preocupação para cerca de 45% dos europeus.
Quase 60% dos inquiridos gregos denunciou grandes dificuldades para pagar as contas e saldar as divídas relativas a créditos ou afirmou mesmo ter deixado de cumprir alguns ou muitos pagamentos. Em Portugal 46% dos inquiridos afirmou que o seu agregado familiar se encontra também em pelo menos uma destas situações. Por outro lado, mais de 1/4 do total dos inquiridos a nível europeu disse esperar que a situação financeira do seu agregado se viesse a deteriorar nos 12 meses seguintes. Este valor sobe para quase 70% na Grécia e na Roménia e para mais de 40% em Portugal.
Suportar despesas relativas a diversos tipos de cuidados de saúde tornou-se, nos últimos seis meses, mais difícil para quase 30% dos europeus. Os inquiridos na Grécia destacam-se uma vez mais como aqueles para quem suportar este tipo de despesas se tornou mais complicado. Portugal, a par da Roménia, Bulgária, Letónia e Lituânia, regista um crescimento dos inquiridos que afirmam que a sua situação piorou no que respeita à capacidade para suportar as despesas com cuidados de saúde.
O pessimismo em relação à manutenção do emprego actual é mais acentuado nos países do Leste e Sul da Europa, enquanto o sentimento contrário se regista com mais frequência nos países Nórdicos e do Centro. Em geral, 18% dos europeus não estava confiante no que respeita à capacidade para manter o emprego actual nos 12 meses seguintes. Por outro lado, 49% dos inquiridos considerava muito pouco provável ser capaz de encontrar uma nova ocupação profissional caso fossem despedidos. Na Grécia e em Espanha este indicador atinge os 73% e os 68%, respectivamente.
Quase 3/4 dos cidadãos europeus espera vir a ter pensões de reforma mais baixas, considera que terá que adiar a idade da reforma ou que terá que poupar mais dinheiro para essa fase da sua vida. Para além disso, 54% dos inquiridos expressou preocupação ou grande preocupação com a possibilidade de o seu rendimento não ser suficiente para garantir uma vida decente quando forem idosos. Os dinamarqueses assumem uma posição bem mais optimista neste âmbito: 42% não têm qualquer preocupação quanto ao rendimento que vão receber na idade da reforma. O nível de ansiedade relativamente ao montante das pensões de reforma registou um aumento gradual (entre Julho de 2009 e Maio de 2010), particularmente em Portugal, Em Espanha, na Grécia, na Roména e na República Checa.
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