A redução do nível de pobreza nos países em desenvolvimento assume-se como um dos principais objectivos definidos em 2000 que se estima poder ser alcançado em 2015. Entre 1990 e 2005 o número de pessoas dos países em desenvolvimento que vivia com menos de 1,25 dólares por dia passou de 1,8 mil milhões para 1,4 mil milhões. Em 2015 espera-se que a pobreza extrema atinja 920 milhões de pessoas (15% da população desses países), o que permitira reduzir para metade o valor de 1990. Os avanços no acesso aos níveis primários de educação ou no combate a algumas doenças como o HIV/Sida ou a malária são também destaques positivos. A maior parte das metas traçadas em 2000 serão, no entanto, dificilmente alcançáveis.
A proporção de pessoas subalimentadas nos países em desenvolvimento diminuiu de 20% para 16% entre o período 1990-1992 e 2005-2007. Por um lado, o decréscimo relativo deste indicador indica que dificilmente se conseguirá reduzir para metade a percentagem verificada em 1990-02; por outro, o número de pessoas subalimentadas aumentou de 817 para 830 milhões, e estima-se que em 2010 possa ultrapassar os mil milhões.
Outro dos Objectivos do Milénio prende-se com a diminuição de 66% da taxa de mortalidade infantil no período 1990-2015. Em 2008 a taxa de mortalidade de crianças com menos de cinco anos era de 72 falecimentos por cada 1000 nascimentos com vida, o que corresponde a uma diminuição de 28% face ao valor de 1990. As metas estabelecidas em 2000 previam uma diminuição de cerca de 67%. Na África Sub-Sahariana, região que apresenta o pior registo, este indicador atingia em 2008 os 144 falecimentos.
Um compromisso que está também longe de ser concretizado é o da ajuda aos países em desenvolvimento. De facto, embora os países doadores se tenham comprometido a transferir 0,7% do seu produto nacional bruto para os países em desenvolvimento, apenas 0,37% desse valor foi encaminhado em 2009. Os únicos países que cumpriram ou ultrapassaram essa meta foram a Dinamarca, o Luxemburgo, a Holanda, a Suécia e a Noruega.
Embora as desigualdades entre os países em desenvolvimento e os países desenvolvidos sejam amplas e generalizadas, no interior dos países em desenvolvimento o acesso aos cuidados de saúde ou à educação é desigualmente distribuído de acordo com o rendimento ou a zona de residência. Por exemplo, constata-se que nos países em desenvolvimento uma criança que viva numa zona rural tem o dobro da probabilidade de estar subnutrida comparativamente a uma criança que vive numa cidade; verifica-se também que as raparigas provenientes das famílias mais pobres (20% com menor rendimento) de um determinado país em desenvolvimento têm uma probabilidade 3,5 vezes maior de não estar a frequentar um nível primário de ensino comparativamente a uma rapariga proveniente de uma família rica (20% com maior rendimento).
“A humanidade possui os recursos e o conhecimento que garante que mesmo os países mais pobres, e outros afectados por doenças, isolamento geográfico ou guerra civil, podem ser ajudados a alcançar os Objectivos do Milénio. Atingir estas metas é um dever de todos nós. Um falhaço significará uma multiplicação dos perigos no nosso mundo – a instabilidade política, as doenças epidémicas ou a degradação do meio ambiente. Mas a concretização destes objectivos permitirão que nos encaminhemos rapidamente para um mundo mais estável, justo e seguro” (Ban Ki-Moon, Secretário-Geral das Nações Unidas).
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