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30/06/2010

Apesar das melhorias, objectivos do milénio estão ainda longe de ser atingidos

Metade da população dos países em desenvolvimento não tem ainda acesso ao saneamento básico. Dez anos após terem sido formulados os Objectivos do Milénio, as Nações Unidas publicam relatório no qual se demonstra que muitas das metas definidas para 2015 dificilmente serão alcançadas.
A redução do nível de pobreza nos países em desenvolvimento assume-se como um dos principais objectivos definidos em 2000 que se estima poder ser alcançado em 2015. Entre 1990 e 2005 o número de pessoas dos países em desenvolvimento que vivia com menos de 1,25 dólares por dia passou de 1,8 mil milhões para 1,4 mil milhões. Em 2015 espera-se que a pobreza extrema atinja 920 milhões de pessoas (15% da população desses países), o que permitira reduzir para metade o valor de 1990. Os avanços no acesso aos níveis primários de educação ou no combate a algumas doenças como o HIV/Sida ou a malária são também destaques positivos. A maior parte das metas traçadas em 2000 serão, no entanto, dificilmente alcançáveis.
A proporção de pessoas subalimentadas nos países em desenvolvimento diminuiu de 20% para 16% entre o período 1990-1992 e 2005-2007. Por um lado, o decréscimo relativo deste indicador indica que dificilmente se conseguirá reduzir para metade a percentagem verificada em 1990-02; por outro, o número de pessoas subalimentadas aumentou de 817 para 830 milhões, e estima-se que em 2010 possa ultrapassar os mil milhões.
Outro dos Objectivos do Milénio prende-se com a diminuição de 66% da taxa de mortalidade infantil no período 1990-2015. Em 2008 a taxa de mortalidade de crianças com menos de cinco anos era de 72 falecimentos por cada 1000 nascimentos com vida, o que corresponde a uma diminuição de 28% face ao valor de 1990. As metas estabelecidas em 2000 previam uma diminuição de cerca de 67%. Na África Sub-Sahariana, região que apresenta o pior registo, este indicador atingia em 2008 os 144 falecimentos.
Um compromisso que está também longe de ser concretizado é o da ajuda aos países em desenvolvimento. De facto, embora os países doadores se tenham comprometido a transferir 0,7% do seu produto nacional bruto para os países em desenvolvimento, apenas 0,37% desse valor foi encaminhado em 2009. Os únicos países que cumpriram ou ultrapassaram essa meta foram a Dinamarca, o Luxemburgo, a Holanda, a Suécia e a Noruega.
Embora as desigualdades entre os países em desenvolvimento e os países desenvolvidos sejam amplas e generalizadas, no interior dos países em desenvolvimento o acesso aos cuidados de saúde ou à educação é desigualmente distribuído de acordo com o rendimento ou a zona de residência. Por exemplo, constata-se que nos países em desenvolvimento uma criança que viva numa zona rural tem o dobro da probabilidade de estar subnutrida comparativamente a uma criança que vive numa cidade; verifica-se também que as raparigas provenientes das famílias mais pobres (20% com menor rendimento) de um determinado país em desenvolvimento têm uma probabilidade 3,5 vezes maior de não estar a frequentar um nível primário de ensino comparativamente a uma rapariga proveniente de uma família rica (20% com maior rendimento).
“A humanidade possui os recursos e o conhecimento que garante que mesmo os países mais pobres, e outros afectados por doenças, isolamento geográfico ou guerra civil, podem ser ajudados a alcançar os Objectivos do Milénio. Atingir estas metas é um dever de todos nós. Um falhaço significará uma multiplicação dos perigos no nosso mundo – a instabilidade política, as doenças epidémicas ou a degradação do meio ambiente. Mas a concretização destes objectivos permitirão que nos encaminhemos rapidamente para um mundo mais estável, justo e seguro” (Ban Ki-Moon, Secretário-Geral das Nações Unidas).

http://observatorio-das-desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=news&id=98

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