Maioria considera que a prioridade não devia ser a redução da dívida, mas o combate ao desemprego. E rejeita nova subida da carga fiscal e o pagamento do subsídio de Natal em certificados de aforro.
Os portugueses só começaram ontem a sentir no bolso os efeitos da subida do IVA e do IRS, mas temem que esse seja apenas o primeiro dos sacrifícios que o Governo lhes venha a pedir. Setenta e oito por cento dos eleitores conta com um novo aumento de impostos nos próximos meses. Os dados são da sondagem da Universidade Católica hoje publicada no DN e JN e ontem revelada pela Antena 1 e RTP.
O Governo não revelou qualquer plano para aumentar a carga fiscal, além do que está previsto na versão revista do PEC. Mas o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, não foi capaz de negar essa possibilidade quando foi confrontado no Parlamento há um mês.
Certo é que José Sócrates ainda não deu a receita do Governo para reduzir o défice para 4,6% em 2011. E tanto a Comissão Europeia como a OCDE já avisaram que as medidas prometidas não chegam para cumprir o compromisso: o Estado tem de cortar mais despesa ou arrecadar mais receita.
Embora vejam a segunda hipótese como uma inevitabilidade (só 12% dizem que "não" e 9% não sabem), a maioria opõe-se à ideia. À pergunta se concorda com novo aumento de impostos, 34% responderam estar "em desacordo" e 46% em "completo desacordo". Quando se pergunta se concorda com o pagamento do subsídio de Natal em certificados de aforro, 34% dizem estar em "desacordo" e 40% em "completo desacordo".
A cativação de receita com o 14.º mês terá sido uma das hipóteses em cima da mesa do Executivo quando reviu o PEC. O pagamento do subsídio em títulos do tesouro foi uma das soluções de Ernâni Lopes, ministro das Finanças em 1983, estava o FMI em Portugal.
Os portugueses estão em discordância com o Governo não só nas medidas mas também nas prioridades. Sessenta e um por cento dos inquiridos consideram que a orientação prioritária da governação devia ser o combate ao desemprego - que está nos 10,8% segundo a OCDE. Apenas 13% responderam a redução da dívida pública enquanto 23% consideraram que deviam ser "ambas".
Quando a pergunta passa a admitir outras alternativas, os portugueses acrescentam à lista a a redução dos impostos, (33%), a manutenção do poder de compra (32%), e a manutenção ou aumento dos apoios sociais (24%), entre outros.
No momento em que entram em vigor o aumento de 1% do IVA, uma taxa suplementar sobre o IRS e são apertadas as regras do subsídio de desemprego, 89% dos portugueses consideraram que os sacrifícios pedidos não têm sido repartidos de forma equitativa.
O "não" volta a ser a resposta de 74% dos inquiridos quando se pergunta sobre se as medidas de austeridade têm sido devidamente explicadas pelo Executivo. Apenas 19% consideram que Sócrates e a sua equipa têm sabido justificar as suas opções. Quanto ao que fazer com as obras públicas, que foram até há pouco tempo uma das bandeiras do Governo, 77% defenderam o adiamento dos projectos, como o TGV e o aeroporto de Lisboa, e apenas 18% falaram a favor da manutenção do calendário.
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