À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

11/11/2011

Concentração

João Paulo Guerra

Paul Krugman não é propriamente um comentador de serviço na escala para opinar de hora a hora sobre o noticiário de economia, embora seja colunista do New York Times.
Economista, é professor em Princeton e em 2008 foi distinguido com o Prémio Nobel da Economia. Feitas as apresentações, para os poucos que não o conheciam, passemos ao assunto.
A reclamação dos Indignados e Ocupantes, nos Estados Unidos e por esse mundo fora, evocando uma representatividade de 99 por cento, levou Krugman a pensar no assunto e a fazer contas. E a conclusão, publicada no NYT, foi que os manifestantes "estão basicamente certos". E se não estão completamente certos não será por excesso, mas por defeito.
As contas de Paul Krugman incidiram sobre a redistribuição do rendimento. Consultando dados, estatísticas e publicações oficiais, o economista concluiu que "praticamente toda a redistribuição do rendimento acima dos 80 por cento mais pobres, tem ido para os americanos que fazem parte dos 1 por cento mais ricos". Posteriormente, o trabalho de Krugman corrige esta primeira avaliação, com recurso a mais recentes fontes oficiais, concluindo que os mais beneficiados com a acumulação de rendimentos e riquezas foram, não os um por cento, mas os 0,1 por cento mais ricos dos Estados Unidos da América, cujos rendimentos, no último quarto de século, cresceu 400 por cento.
E quem são esses "sortudos"? Responde Krugman, não são "empresários heróicos criadores de empregos", mas "executivos" financeiros e advogados do mercado imobiliário. A derradeira conclusão do Nobel da Economia transcende a matéria económica. Diz Paul Krugman que "a concentração extrema de rendimento é incompatível com a democracia real". E, sendo quem é, certamente está bem observado.

http://economico.sapo.pt/noticias/concentracao_131064.html

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