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01/11/2011

Empresas de transportes públicos - Corte histórico nos trabalhadores

Frederico Pinheiro

A onze principais empresas de transportes públicos vão cortar, pelo menos, 1.531 postos de trabalho durante este ano, segundo os dados enviados ao SOL pelas companhias. Esta redução é equivalente a 4,6% do número total de trabalhadores, mas há empresas que reduziram o seu efectivo em mais de 10%.A redução tem sido feita de modo pacífico, mas em 2012 o processo poderá ser mais abrupto. A hipótese de ocorreram despedimentos colectivos nas empresas do sector tem sido estudada pelo Governo, sabe o SOL.
Obrigadas a reduzir custos há vários anos, a pressão aumentou de forma inequívoca no ano passado. O ex-ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, exigiu às administrações, no final de 2010, uma redução de 15% nos custos operacionais (excluem encargos com a dívida) durante 2011, sendo que um terço dessa poupança deverá ser efectuada nos salários. Já em Maio deste ano, a troika reforçou essa necessidade e o actual secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, foi mais longe e pediu um corte de 20%, de modo a impedir o aumento das tarifas acima da inflação, em Janeiro.
Sem margem de manobra, as administrações estão a efectuar uma redução acentuada no número de trabalhadores. Em apenas um ano, a redução é superior ao total de cortes efectuado entre 2001 e o final de 2010. O número de trabalhadores caiu de 34.494 em 2001 para 33.410 no final do ano passado, ou seja, uma redução de 1.084 efectivos.
Como a factura com salários é pesada – algumas empresas, como o Metro de Lisboa, não geram receitas para cobrir os encargos com o pessoal, segundo o Governo –, a esmagadora maioria (10 em 11), optou por cortar no número de trabalhadores. Até ao final do mês de Setembro o corte era já de 1.086 trabalhadores. Apenas a ANA – Aeroportos de Portugal aumentou o número de colaboradores (mais 76).
REFER lidera cortes
Mas as reduções não ficarão por aqui. Até ao fim do ano, no mínimo, mais 445 trabalhadores vão abandonar sete empresas públicas do sector. Quatro não avançaram com estimativas. Assim, no final do ano, Carris, STCP, Metro de Lisboa, Metro do Porto, ANA, TAP, CP, Transtejo/Soflusa, Estradas de Portugal, REFER e CP Carga terão, no total, 31.879 trabalhadores, um número que não é visto desde 2007.
A REFER, gestora das infra-estruturas ferroviárias nacionais, foi a empresa que mais 'emagreceu'. O número de funcionários caiu de 3.445, no fim de 2010, para 3.170, em Setembro, uma redução de 275 trabalhadores. Segundo as perspectivas da administração enviadas ao SOL, até ao fim do ano irá reduzir 11,2% do efectivo total, sendo que mais 110 trabalhadores vão abandonar a REFER, que no próximo ano gerirá igualmente as linhas dos metros do Porto e de Lisboa.
«Até Setembro de 2011, a massa salarial da REFER desceu 4,9 milhões de euros face ao homólogo (-8,4%)», diz fonte oficial. A empresa tem levado a cabo uma ronda negocial junto dos trabalhadores, para chegar a acordo para a rescisão de contratos. A rescisão por mútuo acordo das parte foi efectuada com 256 trabalhadores.
CP com cortes duros
A CP – Comboios de Portugal tem seguido a estratégia da sua 'parceira' e vai cortar 9,1% do seu efectivo até ao final do ano. O Grupo cortou 264 empregos nos primeiros nove meses do ano, para 5.308. Mas o último trimestre será o mais duro: outros 253 trabalhadores deixarão a empresa, baixando o número total para 5.055, um mínimo histórico.
«Esta evolução deve-se essencialmente a saídas naturais por reforma de trabalhadores sem substituição e à política de redução de excedentários praticada em todas as empresas do Grupo há vários anos», diz fonte oficial da CP. «A estimativa de redução de custos para o fim do ano, face a 2010, é superior aos 18 milhões de euros, correspondendo a cerca de 12%», adianta.
Ambas as empresas são hoje uma 'sombra' do que eram há apenas 10 anos. Desde o final de 2001 até ao final deste ano, 5.500 trabalhadores terão abandonado a CP e a REFER. A perda contínua de passageiros para a rodovia e a necessidade de reduzir custos são os principais motivos que explicam esta evolução.
O Grupo TAP já perdeu 401 trabalhadores desde o início do ano ou 3% do efectivo total. Segundo a administração da empresa, esta redução está relacionada com o encerramento da actividade da operadora de handling Groundforce em Faro, que levou ao despedimento de cerca de 330 pessoas.
O Governo pretende finalizar o processo de venda da transportadora aérea até ao final do primeiro semestre de 2012. A LATAM, fusão entre a brasileira TAM e a chilena LAN, é a melhor posicionada na 'corrida'. Os assessores jurídicos e financeiros para o processo de privatização serão escolhidos durante o próximo mês, garante o Governo.

http://sol.sapo.pt/inicio/Economia/Interior.aspx?content_id=32519

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