À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

31/07/2008

«O seu capital saúde interessa-me…» - François Cusset

«Pare de fumar, proteja o seu capital saúde!»: a mensagem cobriu as paredes das nossas cidades e as primeiras páginas dos nossos jornais diários [1] . É como se, à força de fazermos da saúde um trunfo, um bem, um capital – cujo rendimento dependeria de escolhas estratégicas e da «responsabilização» de cada indivíduo –, tivéssemos esquecido que a saúde é, em simultâneo, uma construção cultural e uma ética pessoal. Já em 1975, Michel Foucault analisou o «olhar médico» como uma das componentes das nossas «sociedades de controlo» [2] modernas. Passados trinta anos, encontramos poucas análises críticas que possam esclarecer o lugar que o novo discurso sobre a saúde desempenha no âmago da democracia de mercado. Quem ousaria criticar a norma dominante de optimização dos corpos e dos órgãos, de prevenção dos riscos e de plenitude?

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