Rodrigo Castelo Branco - Docente do Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA). Doutorando da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisador do Laboratório de Estudos Marxistas José Ricardo Tauile (LEMA) do Instituto de Economia da UFRJ
A reboque da ideologia neoliberal, construiu-se um discurso pelo qual defende-se um consenso conservador no debate sobre as desigualdades sociais: primeiro não existiria mais a divisão entre esquerda e direita, e as disputas políticas estariam esvaziadas dos grandes projectos nacionais e populares de transformação social, restritas somente a questões pragmáticas; segundo, todos reconheceriam que as desigualdades devem ser combatidas, mas todos também admitiriam a impossibilidade de superá-las, dadas as diferenças entre os indivíduos: no limite, promove-se a equidade e medidas emergenciais, pontuais, filantrópicas e voluntárias de combate à pobreza. Instala-se, assim, uma razão cínica acerca da “questão social”. Esta razão cínica apresenta-se na dualidade entre uma retórica defensora de uma face humana para a globalização e a promoção do bem-estar universal, e estratégias políticas dissimuladas que atentam contra os interesses daqueles que sofrem os efeitos da exploração capitalista. Este é o quadro ideológico do tema da presente comunicação. Já as perguntas-chave que visam problematizá-la são: (i) por que os teóricos da ideologia neoliberal começam uma (tímida) revisão dos seus planos de ajuste macroeconómico e de desenvolvimento, incluindo uma espécie de “agenda social”? (ii) por que medidas de erradicação da pobreza e promoção da equidade são defendidas por aqueles que alegam a primazia do mercado na resolução dos problemas sociais? (iii) Ou, por que a temática sobre pobreza e desigualdade, antes restrita às utopias reformistas e revolucionárias, está presente, na era neoliberal, no horizonte intelectual da direita?
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
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