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26/08/2008

Da noção de"raça" ao "eugenismo"

Hilton Japiassu - Professor de Epislemologia c; de História das Ciências da Universidade Federal do Rio de Janeiro

A noção de "raça" é uma das mais contraditórias e violentas nos dias de hoje. Depois de ser considerada como uma espécie de verdade primeira e de evidência inquestionável, tornou-se um explosivo. Utilizada por um mundo de crescente eficácia tecnológica, transformou-se em um instrumento de dominação (pelo Estado), de exploração e de extermínio. Estamos na ordem dos fatos.
A chamada "raça" não é uma idéia anódina, não é uma banalidade, uma evidência que seria neutra, cujo uso social poderia ser "bom" ou "mau". A idéia de categorizar o gênero humano em entidades anátomo-fisiológicas fechadas do século XIX, o termo "raça" adquiriu consistência social, Tocqueville já pressentia a ignomínia de seu uso. Toda "discriminação" pelos traços físicos tem por finalidade um tipo discriminação ou de classificação sócio-política. A escolha de critérios somáticos é simbólica das intenções dos classificadores. Os nazistas, decidindo "quem" era judeu, ilustram bem que estamos diante de uma questão política.

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