Carvalho da Silva
"Acordai, acordai, homens que dormis a embalar a dor dos silêncios vis"! Este texto é parte de um extraordinário poema de José Gomes Ferreira escrito em tempos de escuridão, para o qual Lopes Graça compôs uma lindíssima música. As trabalhadoras e os trabalhadores portugueses, o povo de todas as gerações que constituem a sociedade portuguesa de hoje, precisam deste despertar. Vivemos tempos de muita confusão, de densas nuvens escuras e malvadez difusa a que há que responder com percepção e consciência dos factos, com determinada indignação e mobilização. Dizer não, à caminhada para a escuridão!
Aos que repetem - alguns convictamente, outros com uma ingenuidade de incultura - que não há alternativa para o que nos vão impondo, observamos mais uma vez: em democracia há sempre alternativas; quem repete até à exaustão que não há alternativa é porque já não tem olhos nem ouvidos a funcionar.
As medidas anunciadas pelo primeiro-ministro, na quinta-feira (13) à noite, são de enorme afrontamento, dureza e brutalidade. Elas contêm dimensões de injustiça e de empobrecimento que confirmam aquilo para que há muito tempo alertamos: está em marcha um rápido e muito perigoso processo de retrocesso social e civilizacional da sociedade portuguesa.
Diz o primeiro-ministro que vai descobrindo "buracos" que não eram conhecidos. Ora, o que se passa é que: i) cada pacote de medidas aplicado agrava os problemas e cava novos buracos; ii) continuam por resolver os buracos acumulados pelo compadrio e pela corrupção que vêm marcando o país há muito tempo e, quinta-feira, o primeiro-ministro continuou a nada dizer sobre a limpeza das parcerias público-privados que constituem um dos grandes males que corrói a capacidade económica e financeira, e o papel geral do Estado: iii) está longe de se perceber os efeitos nefastos das receitas da troika, a subversão dos mecanismos económicos e financeiros que lhe estão associados, bem como as limitações ao exercício do direito democrático a que esse negócio de agiotas submete o país.
Os trabalhadores e o povo português vão ser penalizados, e muito! Para quem vão estes milhares de milhões de euros que nos retiram?
É claro que com estas políticas a dívida se agravará inevitavelmente, porque a recessão económica e o desemprego se acentuarão e porque não há forma de pagar a dívida sem se produzir mais riqueza.
O Governo, com as suas políticas neoliberais, neoconservadoras e retrógradas não tem soluções para o país e coloca-nos em passo acelerado a percorrer os caminhos de desastre total que já estão confirmados, em particular, na Grécia.
Por outro lado, confirma-se a ausência de qualquer prática e conteúdos de diálogo social sério. É evidente e uma triste realidade, o absoluto esvaziamento e manipulação da concertação social, por parte do Governo.
Aos trabalhadores da Administração Pública, num curto espaço de tempo reduz-se-lhes 25% do seu salário e complicam-se as suas condições de trabalho.
Os reformados e pensionistas são vítimas de fortíssima injustiça e grande parte deles condenados à pobreza.
A possibilidade de aumento dos horários de trabalho em 2,5 horas por semana agravará o desemprego, reduzirá o salário de cada trabalhador em 6,25%, criará mais dificuldades aos jovens para encontrarem emprego, não tem nada a ver com o pagamento da dívida. Nos impostos, a carga continua a aumentar sobre o factor trabalho, empobrecendo os trabalhadores e atirando grande parte das empresas para uma situação muito difícil, enquanto a verdadeira riqueza continua à margem dos sacrifícios, se mantêm as negociatas dos processos de parcerias público-privados e se abrem negociatas com o processo de privatizações e das chamadas reestruturações da Administração Pública.
Muitas destas e de outras medidas que vêm sendo impostas violam práticas democráticas fundamentais, o Estado de direito e a Constituição da República.
Todas as gerações são atingidas, mas é acima de tudo o futuro, a vida dos mais jovens, que fica atrofiada!
Mobilizemo-nos e passemos a uma acção e luta social e política amplas que abram caminhos alternativos!
http://www.jn.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=2058714&opiniao=Carvalho%20da%20Silva
Aos que repetem - alguns convictamente, outros com uma ingenuidade de incultura - que não há alternativa para o que nos vão impondo, observamos mais uma vez: em democracia há sempre alternativas; quem repete até à exaustão que não há alternativa é porque já não tem olhos nem ouvidos a funcionar.
As medidas anunciadas pelo primeiro-ministro, na quinta-feira (13) à noite, são de enorme afrontamento, dureza e brutalidade. Elas contêm dimensões de injustiça e de empobrecimento que confirmam aquilo para que há muito tempo alertamos: está em marcha um rápido e muito perigoso processo de retrocesso social e civilizacional da sociedade portuguesa.
Diz o primeiro-ministro que vai descobrindo "buracos" que não eram conhecidos. Ora, o que se passa é que: i) cada pacote de medidas aplicado agrava os problemas e cava novos buracos; ii) continuam por resolver os buracos acumulados pelo compadrio e pela corrupção que vêm marcando o país há muito tempo e, quinta-feira, o primeiro-ministro continuou a nada dizer sobre a limpeza das parcerias público-privados que constituem um dos grandes males que corrói a capacidade económica e financeira, e o papel geral do Estado: iii) está longe de se perceber os efeitos nefastos das receitas da troika, a subversão dos mecanismos económicos e financeiros que lhe estão associados, bem como as limitações ao exercício do direito democrático a que esse negócio de agiotas submete o país.
Os trabalhadores e o povo português vão ser penalizados, e muito! Para quem vão estes milhares de milhões de euros que nos retiram?
É claro que com estas políticas a dívida se agravará inevitavelmente, porque a recessão económica e o desemprego se acentuarão e porque não há forma de pagar a dívida sem se produzir mais riqueza.
O Governo, com as suas políticas neoliberais, neoconservadoras e retrógradas não tem soluções para o país e coloca-nos em passo acelerado a percorrer os caminhos de desastre total que já estão confirmados, em particular, na Grécia.
Por outro lado, confirma-se a ausência de qualquer prática e conteúdos de diálogo social sério. É evidente e uma triste realidade, o absoluto esvaziamento e manipulação da concertação social, por parte do Governo.
Aos trabalhadores da Administração Pública, num curto espaço de tempo reduz-se-lhes 25% do seu salário e complicam-se as suas condições de trabalho.
Os reformados e pensionistas são vítimas de fortíssima injustiça e grande parte deles condenados à pobreza.
A possibilidade de aumento dos horários de trabalho em 2,5 horas por semana agravará o desemprego, reduzirá o salário de cada trabalhador em 6,25%, criará mais dificuldades aos jovens para encontrarem emprego, não tem nada a ver com o pagamento da dívida. Nos impostos, a carga continua a aumentar sobre o factor trabalho, empobrecendo os trabalhadores e atirando grande parte das empresas para uma situação muito difícil, enquanto a verdadeira riqueza continua à margem dos sacrifícios, se mantêm as negociatas dos processos de parcerias público-privados e se abrem negociatas com o processo de privatizações e das chamadas reestruturações da Administração Pública.
Muitas destas e de outras medidas que vêm sendo impostas violam práticas democráticas fundamentais, o Estado de direito e a Constituição da República.
Todas as gerações são atingidas, mas é acima de tudo o futuro, a vida dos mais jovens, que fica atrofiada!
Mobilizemo-nos e passemos a uma acção e luta social e política amplas que abram caminhos alternativos!
http://www.jn.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=2058714&opiniao=Carvalho%20da%20Silva
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