A CGTP considera que os números do desemprego hoje revelados pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) confirmam a "situação insustentável" do país e que as políticas seguidas não só não resolvem os problemas como destroem o emprego.
O número de desempregados inscritos nos centros de emprego caiu 0,3 por cento em setembro face ao mesmo mês de 2010, mas subiu 3,9 por cento relativamente a agosto, foi hoje divulgado pelo IEFP.
De acordo com os dados mensais do IEFP, no mês de Setembro encontravam-se inscritos nos centros de emprego do continente e regiões autónomas 554.086 desempregados, o que corresponde a 86 por cento do total de pedidos de emprego (643.982).
Em declarações à Lusa, Arménio Carlos, da comissão executiva da Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses (CGTP), afirmou que esta é uma "situação insustentável tanto mais que uma parte significativa dos desempregados não tem qualquer proteção social e a verba inscrita no Orçamento do Estado para 2012 (OE2012) no que respeita à proteção social vai diminuir".
Para o sindicalista, "isto só prova que as políticas que estão a ser seguidas não só não resolvem os problemas do país como, no que concerne ao emprego, vão continuar a destrui-lo", o que "é insustentável para qualquer país quer do ponto de vista económico e quer do ponto de vista social", reiterou.
Neste caminho, alertou o responsável, Portugal "já não está a aproximar-se da Grécia, está numa situação idêntica à da Grécia".
A solução para os problemas do país, defendeu, passam pela "exigência da renegociação da dívida, dos prazos, dos juros e dos montantes, assim como o prolongamento da redução do défice de três por cento para os anos de 2018 e 2019".
Também o combate à evasão fiscal deveria ser uma das opções fortes do Governo de coligação PSD/CDS-PP, de acordo com Arménio Carlos: "Entre 2007 e 2010, a média foi de 19,3 por cento de IRC pago quando o que está estipulado na lei são os 25 por cento. Esta diferença situa-se nos dois mil milhões de euros", disse, defendendo a "cobrança aos que sistematicamente não pagam ou subvertem a lei".
Arménio Carlos disse ainda que "não era necessário cortar nem os subsídios de Natal nem de férias a nenhum trabalhador se fosse aplicada uma taxa de dois por cento sobre as movimentações bolsitas que só em 2010 atingiram cerca de 145 mil milhões de euros". Esta medida "bastava para ter uma receita suplementar de 2.900 milhões de euros", adianta.
Sobre as declarações do Presidente da República que disse na quarta-feira que a suspensão dos subsídios de férias e de Natal da administração pública e dos pensionistas constitui uma "violação de um princípio básico de equidade fiscal", Arménio Carlos mostrou-se cético.
Para o sindicalista as afirmações de Cavaco Silva significam que "pode não estar só em causa o subsídio de férias e de Natal dos trabalhadores da administração pública mas, pelo contrário, aproveitar a oportunidade para alargar [a medida] ao setor privado".
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