À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
01/08/2008
L'opinion publique n'existe pas - Pierre Bourdieu
Comment l’obstétrique est devenue une science. La maternité de l’université de Göttingen, 1751-1830
| Le Seuil | Actes de la recherche en sciences sociales 2002/3 - 143
ISSN 0335-5322 | ISBN 2-02-053088-0 | pages 18 à 30
31/07/2008
«O seu capital saúde interessa-me…» - François Cusset
30/07/2008
Figures de l’individualité, de Marx aux sociologies contemporaines - Philippe Corcuff
Liberté et habitus chez Pierre Bourdieu - Mathieu Hilgers
Les mobilités du temps libre : de nouveaux enjeux de différenciations sociales et spatiales ? - Patricia Lejoux
Réalité et perception des dimensions spatiales et socio-culturelles de l’accessibilité des services collectifs
L’accès aux services collectifs dans les domaines de la santé, des soins aux enfants, de l’éducation, de l’emploi et de la formation, du logement, de la culture, des transports et des communications, joue un rôle essentiel dans le développement des individus et des groupes. Il représente en même temps un facteur clé de la différenciation sociale et de la reproduction des inégalités.
Sociologies et lien social : des mondes et leurs figurations - Mahmoud Miliani
29/07/2008
O mito da globalização: as possibilidades de desenvolvimento dos países periféricos diante do sistema de poder mundial
Introdução
O presente artigo conta com três secções principais. A primeira trata da origem do movimento de internacionalização do capitalismo e descreve o funcionamento do Sistema Mundial. A segunda secção investiga como as grandes potências “chutam a escada” dos outros países e, com base em uma análise histórica-estrutural, coloca algumas estratégias de desenvolvimento que poderiam ser tomadas para o avanço económico, levando ainda em consideração a “crucialidade dos condicionantes internos”,1 com destaque para a coalizão social, o papel do Estado e das classes dominantes. Finalmente, as conclusões relacionam os principais aspectos abordados no texto.
Trabalho imaterial, forças produtivas e transição nos Grundrisse de Karl Marx - Henrique Amorim
A tese de que o capitalismo teria vencido o socialismo (em especial o da antiga URSS) no que se refere à organização da burocracia, à produtividade e à distribuição da renda na sociedade difundiu-se nas últimas três décadas e influenciando o campo marxista, afastando dele muitos autores.1 Surgiram, nesse contexto, análises da obra de Marx sobre os processos de trabalho e, especialmente, sobre o conceito de trabalho que questionavam a relevância do papel político das classes sociais na actualidade e no socialismo, como sociedade de transição. O conjunto dessas teorias difundiu-se dentro de um eixo orientado pelas novas formas de exploração do trabalho na indústria e pela expansão do sector de serviços. Ao mesmo tempo em que houve a necessidade de negar o marxismo, as teses de Marx são instrumentalizadas, acabando por orientar a dinâmica e a conservação das sociedades capitalistas. Na prática, uma das formas de descarte/revisão da teoria marxista foi defini-la como uma teoria do industrialismo. Se este último havia sido superado por novas e mais eficazes formas de produção, que faziam desenvolver a subjectividade do trabalhador e ainda mantinham a dominação social do capital, a teoria que dava sustentação ao “velho” embate entre classes sociais deveria ser considerada, no mínimo, uma teoria anacrónica ou ultrapassada. A análise de Marx sobre a história da luta de classes seria refém, dessa forma, da indústria capitalista e dentro desta do trabalho imediato, considerado como a forma central de constituição do valor. Nesse sentido, se o trabalho imediato deixa de ser a relação social fundamental na produção e reprodução social do capital, a indústria, estrito senso, também o deixaria. Ao se indicar a superação da indústria, indica-se a superação da análise de Marx do capitalismo.
A partir desse universo de revisão e rechaço ao marxismo, as teorias sobre a não centralidade do trabalho e depois sobre a imaterialidade do trabalho foram desenvolvidas. Em um primeiro momento, a negação do marxismo e do trabalho industrial, pensado em sentido generalizado, foi o objectivo central das teses sobre a não-centralidade do trabalho.
L’irrationalité du capitalisme au coeur de la crise de civilisation planétaire - François Chesnais
28/07/2008
IMIGRAÇÃO E IMIGRANTES EM PORTUGAL Parâmetros de regulação e cenários de exclusão - Fernando Luís Machado
As questões sociais, culturais e políticas que a imigração laboral coloca às sociedades e esta dos de acolhimento podem ser analisadas em dois planos distintos: o plano da regulação dos fluxos migratórios, em ter mos do volume, origem e perfil dos migrantes que atravessam as fronteiras nacionais; e o plano da integração social das populações imigrantes que, de pois de atravessadas essas fronteiras, se instalam e vão sedentarizando. Os dois estão obviamente interligados: se não houver qual quer controlo nas fronteiras haverá sempre mais imigrantes a integrar, provavelmente cada vez mais diversificados, e a integração será mais difícil.1
Ultimamente, a discussão pública, política, e mesmo académica, sobre a imigração tem-se foca do sobretudo no primeiro plano, tendendo a esquecer o segundo. Quando se discute apenas, por exemplo, em quantos milhares de novos imigrantes se cifram as necessidades do mercado de trabalho em cada ano, estamos a referir-nos só ao primeiro plano e não ao segundo.
Neste texto têm-se em conta os dois planos. Começarei por referir alguns parâmetros actuais dos fluxos migratórios, que de vem ser ti dos em conta quando se trata de saber como regular esses fluxos e, depois, chamarei a atenção para alguns sinais do que podem ser, a curto ou médio prazo, cenários de exclusão social de muitos dos imigrantes laborais já fixados em Portugal.
O GINÁSIO. UM PANÓPTICO DE BENTHAM PARA O CUIDADO DE SI? - Ana Luísa Pereira
O modo como Foucault relacionou o corpo com os mecanismos de poder coloca-o numa posição de destaque quando o tema do corpo é alvo de discussão. De facto, a sua contribuição para a teoria social e a sua ênfase no corpo e na política têm auxiliado o desenvolvimento do conhecimento do corpo na história, na sociologia e na
filosofia política, afectando profundamente as teorias contemporâneas do corpo e do poder na modernidade. Uma das concepções teóricas mais proeminentes de Foucault está relacionada com o corpo enquanto lugar de práticas disciplinares e normalizadoras. De facto, são inúmeros os autores que se inspiram nos conceitos de poder, disciplina, vigilância e docilidade preconizados por Foucault, para discutir os significados de algumas práticas corporais, nomeadamente as ginásticas de academia (Duncan, 1994; Eskes, Duncan e Miller, 1998; Markula, 2003).
INVENTAR PERCURSOS, REINVENTAR REALIDADES: DOENTES, TRAJECTÓRIAS SOCIAIS E REALIDADES FORMAIS - Graça Carapinheiro
A sociologia da saúde nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e França: panorama geral - Everardo Duarte Nunes
O trabalho tem como objetivo apresentar um panorama geral da sociologia médica/ sociologia da saúde nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e França, das suas origens até hoje, situando a produção científica mais expressiva desse campo nesses países. A moderna sociologia médica/saúde emerge em diferentes momentos: nos Estados Unidos logo após a Segunda Guerra; na Grã-Bretanha, nos anos 60; e na França, na década de 1970. O estudo dessas trajetórias nacionais mostra que, na atualidade, constitui um campo estabelecido em franco desenvolvimento com uma temática bastante diversificada e uma pluralidade de abordagens teóricas.
Bourdieu e a nova sociologia econômica - Cécile Raud
A Chantagem dos números: porque a economia está pior do que julgamos - Kevin Phillips
“…A verdade, embora por si não tornasse os americanos livres, abrir-lhes-ia pelo menos uma janela por onde teriam uma mais larga compreensão económica e política” - CHANTAGEM.pdf
in ODiario.info
The Meritocracy Myth - Stephen J. McNamee, Robert K. Miller, Jr.
A Nova (Des)Ordem Financeira - Gabriel Kolko
Os aventureiros das finanças inventam, constantemente, novos "produtos" que desafiam, ao mesmo tempo, os Estados-Nações e os bancos internacionais. Em maio de 2006, o diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, lamentou esses novos riscos, fortemente agravados pela fraqueza do dólar e pelo déficit comercial dos Estados Unidos. Seus temores refletem a desorganização, tanto estrutural quanto intelectual, que abala atualmente o FMI.
La especulación financiera incrementa en más de un 60% el precio del crudo
Informe especial
Os Indiferentes - Antonio Gramsci
A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam frequentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.
A indiferença atua poderosamente na história. Actua passivamente, mas actua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que actuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar. A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida colectiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos activos, e a massa dos homens não se preocupa com isso. Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenómeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou activo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às consequências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua actividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.
A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida colectiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum género.
Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamurias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a actividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a actividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.
Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.
L'IDEOLOGIE CHEZ MARX: CONCEPT POLITIQUE OU THEME POLEMIQUE? - Laurent GAYOT
TABLE DES MATIERES
1/ Une unité conceptuelle problématique
Une ligne de fracture verticale
La diversité des domaines idéologiques
Le croisement des deux axes problématiques
Un combat sur de multiples fronts
Une autocontradiction au niveau du concept
Autocontradiction au niveau du projet
Indépendance et autonomie des idées
Hégémonie des idées sur le monde historique
De l'indépendance à l'éternité
La division du travail manuel et du travail intellectuel
La conscience idéologique ordinaire, l'Etat et le droit
3/ Définir l'idéologie par son contraire
L'opposition idéologie/ matérialisme historique
L'opposition (fautive) idéologie/réalité
L'opposition (imaginaire) idéologie dominante/idéologie dominée
1/ La conscience et ses représentations
L'idéologie jeune hégélienne et la conscience créatrice
La conscience comme produit social
La réalité et ses représentations
Philosophie, morale, droit, etc.: un contenu de classe
Religion et transcendance: la « finitude » humaine
L'art et la science: une production sous conditions
27/07/2008
Esclarecer o Habitus - Loïc Wacquant∗
Tomando como referência a obra de Pierre Bourdieu, esboça-se no presente artigo uma reconstituição da génese da noção de habitus e, numa perspectiva de síntese, procura-se documentar algumas das suas principais
propriedades teóricas. Efectua-se, igualmente, um pequeno retrato dos principais horizontes de mobilização sociológica de que a noção tem sido alvo.
FORMAÇÃO, TENDÊNCIAS RECENTES E PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO DA SOCIOLOGIA EM PORTUGAL - José Madureira Pinto
Afirmar que a sociologia portuguesa só começou verdadeiramente após a revolução de Abril de 1974 é quase um lu gar comum.1 Mas uma tal afirmação deve ser convenientemente temperada, se quisermos ser fiéis à especificidade dos movimentos de longa duração da história da cultura portuguesa, assim como à complexidade dos processos sociopolíticos que precederam e se de sencadearam com areinstauração da democracia em Portugal. Em boa verdade, pode dizer-se que, desde o último quartel do sé cu lo XIX, o campo intelectual português foi registando ecos relativamente nítidos do movimento de eclosão das ciências sociais nos países centrais. jmdureirapinto.pdf
Les prophètes sont fatigués - Louis Pinto
Toni Negri, « penseur de la contestation du capitalisme et figure de l’altermondialisme », selon Libération (13 mai 2005), invite à voter « oui » : contre « la politique du pire », contre « la disparition d’un nouvel espace de lutte contre l’hégémonisme de l’empire », contre « l’abdication face aux néoconservateurs américains ».
La perplexité dans laquelle plonge la lecture de ce libellé offre une belle occasion de réfléchir à ce qui peut être drainé sous une même bannière (contestation du capitalisme, altermondialisme) et rassembler en particulier des penseurs, des philosophes, des théoriciens, toutes gens auxquelles d’ordinaire, hors d’un cercle d’admirateurs, on ne prête pas trop attention parce qu’on ne les comprend pas bien, parce qu’ils ne mangent pas de pain et qu’après tout plus il y a de fous… Et pourquoi bouder le plaisir d’avoir dans son camp des types sympathiques, décontractés, hâbleurs, dont la rumeur dit qu’ils sont « vachement forts » dans leur spécialité ? luispinto.doc