Os sindicatos gregos iniciaram hoje a maior greve geral dos últimos anos no dia em que o parlamento de Atenas se prepara para votar novos e violentos cortes de austeridade. Departamentos governamentais, e serviços públicos essenciais vão estar fechados durante dois dias e até o comércio privado deverá aderir, pela primeira vez, à paralisação. Em causa estão os planos de Governo que preveem mais aumentos de impostos, e cortes nas pensões e nos salários, bem como a suspensão de milhares de funcionários públicos e dos acordos coletivos de trabalho.
“Vamos enviar uma mensagem bem audível ao Governo e ao sistema político” disse Costas Tsikritas do Adedy, o maior sindicato dos funcionários públicos. Para além desta organização sindical também o GSEE, o maior sindicato do setor privado aderiu à greve geral.
O protesto contra o brutal aumento da austeridade é transversal a toda a sociedade grega. Cerca de 400 trabalhadores das docas reuniram-se esta manhã à porta do Pireu, o principal porto da Grécia e mais de 1000 guardas prisionais concentraram-se à porta do ministério da Justiça.
Voos canceladosOs controladores de tráfego aéreo também aderiram à greve mas decidiram encurtar a sua participação para minimizar o impacto sobre os passageiros. Por este motivo paralisam apenas 12 horas em vez de 48, como os restantes setores.
Mesmo assim, desde a meia-noite, tinham sido já cancelados 150 voos domésticos e internacionais e outros 16 tiveram de ser transferidos para novo horário.
Manifestações têm lugar esta manhã em Tessalónica e em Atenas. Na capital a polícia instalou um forte aparelho de segurança em frente do parlamento onde ocorreram confrontos durante as manifestações de junho.
Greve geral culmina semanas de greves setoriaisEste protesto de 48 horas vem na sequência de uma onda de contestação que tem a gradualmente a aquecer nas últimas semanas.
Inúmeras greves setoriais levaram à interrupção da recolha do lixo que se está a acumular nas ruas de Atenas. Diversos monumentos históricos estão fechados, incluindo o Partenon e vários departamentos governamentais, incluindo o ministério das Finanças foram ocupados por grevistas.
O primeiro-ministro socialista George Papapandreu prometeu resistir à pressão das ruas para provar a determinação da Grécia de se salvar a si própria.
“Todas estas pessoas que estão a fazer chantagem e a manter refém todo o país quando ocupam prédios, enchem as ruas com lixo, fecham portos e o Partenon, têm de nos explicar se isto está a ajudar a que nos mantenhamos de pé”, disse o chefe do Governo.
Papandreu compara a crise a uma guerraAo apelar ao parlamento para que aprove as novas medidas de austeridade, Papandreu comparou a situação que a Grécia vive a uma guerra, e disse aos deputados do seu partido, o Pasok, que era seu dever aprovarem as novas medidas.
“Temos de perseverar nesta guerra como povo, como Governo, como grupo parlamentar para que o país a consiga vencer", disse.
Espera-se que a escassa maioria parlamentar de quatro lugares de que o executivo dispõe seja suficiente para aprovar o projeto de lei, até porque um dos partidos mais pequenos poderá também votar a favor. No entanto, as duríssimas medidas de austeridade que o executivo se está a ver forçado a implementar, por imposição da troika, estão a provocar fortes tensões no seio do próprio partido do Governo.
Um dos deputados da maioria já apresentou a demissão antes da voto, e outros dois ameaçaram que votarão contra a parte do projeto de lei que prevê a suspensão dos contratos coletivos de trabalho.
Eleições antecipadas no horizonte ?Embora o Governo de Papandreu tenha repetidamente afastado a possibilidade de eleições antecipadas, os analistas consideram que este é um cenário muito provável, nos próximos meses.
Terça-feira à noite, o primeiro-ministro avistou-se com Antonis Samaras o chefe do partido Nova Democracia, mas não conseguiu que os conservadores, na oposição, concordassem em votar a favor das novas medidas de austeridade.
“É óbvio quem está de facto a torpedear a unidade nacional”, disse Samaras à saída da reunião com Papandreu, “A alguém que estivesse, de facto, interessado na unidade do povo grego nesta crise eu teria muito a dizer. Mas não tenho nada a dizer a alguém que está em pânico e lança atoardas a toda a gente “.
Tragédia grega
A Grécia está mergulhada numa recessão profunda, pelo terceiro ano consecutivo, e estrangulada por uma dívida pública que já chega a 162 por cento do PIB e que poucos acreditam que ainda possa ser paga.
Os líderes europeus estão a tentar alcançar um acordo que permita um novo pacote de resgate a Atenas, que poderá incluir novos passos para reduzir a dívida helénica, o fortalecimento dos bancos europeus mais expostos aos países da Zona Euro em dificuldades e o aumento da capacidade do fundo de resgate para impedir o contágio da turbulência dos mercados às restantes economias da moeda única. Os resultados destas negociações devem ser conhecidos na reunião que terá lugar a 23 de outubro
http://tv1.rtp.pt/noticias/?t=Grecia-paralisada-durante-dois-dias.rtp&article=490188&visual=3&layout=10&tm=7
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