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01/05/2010

1.º de Maio: A luta é pelo emprego, 120 anos depois da conquista das oito horas

Precariedade e desemprego são bandeiras do protesto, com a CGTP a avisar que combate vai para além do Dia do Trabalhador

Há precisamente 120 anos, os trabalhadores de Chicago conseguiram vencer a luta pela jornada das oito horas de trabalho. Hoje, um século e muitas revoluções tecnológicas e sociais depois, os milhares que aderem às manifestações para assinalar o Dia do Trabalhador vão protestar, no auge da maior crise dos últimos 30 anos, contra o desemprego - que atinge mais de 580 mil portugueses - , a precariedade, os baixos salários, a desigualdade e a desregulamentação, que obriga muitos a trabalhar mais de... oito horas por dia.
"Há alguma coisa de profundamente errado quando, ao fim de todo o progresso, a relação com o trabalho se torna cada vez mais penosa e os patrões usam a coacção sobre os trabalhadores para lhes dizer que têm sorte em ter emprego", disse ao DN o especialista em direito do trabalho Garcia Pereira. A globalização económica leva a maior parte das culpas, num mundo entalado entre dois pólos: o modelo social europeu e o modelo chinês.
Mas a CGTP - que celebra 40 anos - vai fazer passar a mensagem de que "é preciso lutar para mudar", porque "há alternativas".
Através de uma ferramenta global (o YouTube), Carvalho da Silva antecipa o discurso do 1.º de Maio, afirmando que "o velho argumento de que são os baixos salários, a flexibilidade e a desregulação que aumentam a competividade não pega, pois temos dos mais baixos salários, maior carga horária, o trabalho está desregulamentado e estamos a perder competitividade". O líder da Intersindical - que hoje discursa na Alameda Afonso Henriques, em Lisboa - diz ainda que "nenhum instrumento jurídico fez tanto pela redistribuição da riqueza na segunda metade do séc. XX como a contratação colectiva, que está sob ataque". Avisa ainda que "a luta vai intensificar-se para além do 1.º de Maio".
Embora também a UGT eleja como mote desta data o "combate ao desemprego e a luta por melhores salários", o discurso do seu dirigente é substancialmente diferente do seu homólogo. Em declarações ao DN, João Proença nega que tenha existido um "desmantelamento" dos direitos dos trabalhadores nos últimos anos. "Não concordo com esse discurso miserabilista do desmantelamento dos direitos", afirmou. Proença disse que "houve, sim, uma evolução da legislação", destacando até benefícios ao nível da protecção social. "Em Portugal não se liberalizaram os despedimentos nem se cortou a fundo no subsídio de desemprego, como se fez noutros países", diz o sindicalista.

http://dn.sapo.pt/bolsa/emprego/interior.aspx?content_id=1558320

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