Centenas de milhares de professores e funcionários dos vários graus de ensino nos EUA estão a receber ameaças de despedimento. Em todos os distritos do país avoluma-se o receio de dispensas em massa.
A situação parece particularmente grave nos estados da Califórnia,onde entre 22 a 26 mil avisos de possível despedimento foram enviados a professores e outros profissionais do ensino; Illinois (20 mil), Nova Iorque (15 mil), Michigan (8 mil), Nova Jersey (6 mil) ou Oklahoma (5 mil), mas de acordo com as palavras do secretário da Educação da administração liderada por Barack Obama, Arne Duncan, o número total de empregos a delapidar nas unidades públicas de educação pode variar entre os 100 e os 300 mil.
Antes, já a Associação Americana de Administradores Escolares havia divulgado uma «sondagem» na qual afirmava que a esmagadora maioria dos responsáveis escolares planeava cortar drásticamente no pessoal contratado. Mas esta manobra de preparação do terreno apenas antecedeu as decisões, e essas são da responsabilidade exclusiva do governo Obama.
Em Março, a Casa Branca aplaudiu os despedimentos numa escola de Rhode Island considerando-os a medida justa e correcta para quem apresenta «mau desempenho», e a nível orçamental permitiu o emagrecimento dos fundos canalizados para aquele sector, mesmo sabendo que a quebra das receitas fiscais – usadas para financiar o sistema educativo - nas várias regiões não deixava antever outro desfecho. Foi, desta forma, escancarada por Obama a porta para a sangria a nível nacional.
É ainda impossível apurar o total de estabelecimentos que serão encerrados na sequência da dieta forçada ao sistema de educação pública – assim como o fim das carreiras e transportes escolares, ou dos cursos extra-curriculares já em curso -, mas a já referida Associação de Administradores garante que em quase dois terços do território pretende-se igualmente aumentar o número de alunos por turma; em cerca de um terço dos distritos prevê-se eliminar escolas de Verão; e em muitas regiões equaciona-se a implementação do ciclo de quatro dias de aulas por semana.
Harlem na incerteza
O caso da Escola de Artes do Harlem é emblemático do que está para suceder na mais poderosa potência capitalista mundial. Com quase meio século de existência, a escola sem fins lucrativos encerrou provisoriamente por três semanas. Faltava meio milhão de dólares para cobrir as despesas. O dinheiro apareceu graças à caridade, o presidente da Câmara de Nova Iorque, Bloomberg, anunciou um novo corpo directivo com pompa e circunstância, mas, na verdade, os contributos apenas permitem manter a actividade por um semestre. Depois disso, o futuro é ainda incerto para os cerca de três mil alunos que ali têm uma nesga de oportunidade.
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