Os trabalhadores dos transportes e comunicações rejeitam os «aumentos zero» nos salários de 2010, exigem que se cumpra o direito à negociação colectiva e contestam as novas privatizações no sector.
Com greves convocadas para a próxima terça-feira, dia 27, em 15 empresas (CTT, CP, CP Carga, EMEF, Refer, Carris, TST, STCP, Rodoviária da Beira Litoral, Rodoviária d'Entre Douro e Minho, Fertagus, Metro do Porto, Metro de Mirandela, Via Porto, Soflusa, Transtejo e Atlantic Ferries) e em todo o sector de transporte pesado de passageiros, a Fectrans/CGTP-IN aponta três motivos comuns aos trabalhadores abrangidos:
- a decisão do Governo e das administrações, de «congelar» os salários nas empresas públicas e com participações do Estado, a qual está a ser também seguida pelos patrões das empresas privadas;
- o bloqueamento generalizado da contratação colectiva, com associações patronais e empresas a negociar as propostas sindicais;
- a leva de privatizações no sector, com o PEC do Governo a prever a alienação da TAP, da ANA, dos CTT, da CP, da CP Carga e da EMEF.
«Com o aumento de impostos previstos no PEC, cada trabalhador deste sector sofrerá uma redução real nos seus salários, na ordem dos 50 euros», se se concretizar o «congelamento», afirma a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações, num folheto de apelo à participação na greve - que será de 24 horas, excepto nas empresas fluviais, cujos trabalhadores vão parar três horas por turno.
Em greve, por 24 horas, no dia 14, quarta-feira, estiveram já os trabalhadores da Transportes Sul do Tejo, com o sindicato do sector (STRUP/CGTP-IN) a apontar índices de adesão de 75 a 80 por cento, que nalguns locais de trabalho foram ainda mais elevados, designadamente, na zona urbana de Setúbal e na área Almada-Caparica. Tal como na greve de 19 de Março, os trabalhadores recusam o «congelamento» e exigem que a administração regresse à mesa das negociações e apresente uma proposta de actualização salarial, para o que estão dispostos a manter dois dias de greve por mês. No dia 14, de manhã, foram reclamar uma intervenção do ministro dos Transportes, António Mendonça, junto da administração dos TST, salientando que a empresa tem obtido lucros nos últimos dez anos, recebe avultadas quantias do Estado e tem imposto sucessivas perdas salariais.
Os lucros apresentados pelos CTT são apontados, pelo SNTCT/CGTP-IN, como mais um motivo para que não haja «congelamento» salarial na empresa. Além da «greve geral» dos Correios, no dia 27, o sindicato convocou igualmente greves, durante toda a próxima semana (26 a 30 de Abril), em dezenas de centros de Distribuição Postal. A entrega de serviços - como o «correio empresarial», que inclui as contas de electricidade, água e telefones, chegando a representar 60 por cento dos objectos distribuídos - a empresas subsidiárias, que são do Grupo CTT mas contratam pessoal temporário, leva a empresa a alterar horários e retirar subsídios aos carteiros. A perda mensal pode atingir 270 euros, afirma o sindicato.
A Fectrans reafirma que privatizar significa menor qualidade de serviço, preços mais caros para os utentes, piores condições de trabalho e menos trabalhadores. No dia 27, «vamos fazer greve para defender as empresas públicas e que as mesmas sejam postas ao serviço dos reais interesses do País, com uma gestão de acordo com as suas funções e que estas empresas deixem de ser depósitos de clientelas políticas», apela a federação.
Lille
Contestar a política de liberalização da ferrovia foi o objectivo da manifestação, realizada no dia 13, terça-feira, em Lille (França), frente à Agência Ferroviária Europeia, por diversas organizações sindicais de países europeus, entre as quais o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário.
O SNTSF/CGTP-IN esteve entre as 15 estruturas que subscreveram um documento conjunto, entregue na AFE, responsável pela aplicação das regras do mercado interno europeu nos sistemas ferroviários nacionais.
http://www.avante.pt/noticia.asp?id=33358&area=4
À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.
22/04/2010
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