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04/01/2011

Carência social enche Urgências

O aumento dos utentes, sobretudo idosos, verificado ontem na Urgência do Hospital Garcia de Orta, em Almada, reflecte uma "diminuição de recursos dos centros de saúde e uma maior carência social", afirmou a directora clínica da unidade, Ana França.
Há uma semana aquela Urgência registou um acréscimo de mais cem utentes, doentes que não precisavam de cuidados urgentes. Ontem, foram outros os motivos que levaram os doentes à Urgência. Conforme explicou ao CM Ana França, o maior problema é que desde 23 de Dezembro estão a ser internados 37 a 39 doentes por dia, o que corresponde a um aumento de 20% dos internamentos pela Urgência. "Numa semana já internámos 330 doentes e temos 585 camas", especificou.
Este aumento, referiu, "não obrigou, por enquanto, ao adiamento de cirurgias programadas".
Segundo a directora clínica, entre as 00h00 e as 19h00 de ontem foram à Urgência 247 utentes. A média diária ronda os 240 utentes. "A maioria dos doentes tem mais de 75 anos e são casos de descompensação, bronquites, asmas, insuficiências cardíacas, doenças agravadas pela carência social. São pessoas que não tomam os medicamentos, porque não têm dinheiro para os comprar", afirmou a médica, adiantando que também há casos de pessoas que não têm assistência e vão deixando ‘arrastar’ as situações.
Estes idosos são muitas vezes acompanhados pelo Serviço Social da unidade, que os encaminha para a Segurança Social mas, entretanto, acabam por ocupar uma cama hospitalar, apesar de não necessitarem de internamento.
A somar a este acréscimo no número de pessoas que vão às Urgência do Garcia de Orta, verifica-se uma diminuição da capacidade de resposta da rede de cuidados continuados e da rede social, que receberam em 2010 menos utentes do que em 2009 e levaram mais tempo a dar resposta aos pedidos. 

CENTROS DE SAÚDE SEM MÉDICOS
O Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Zêzere vive uma situação "dramática" de falta de médicos, que pode agravar-se a curto prazo com a perspectiva da reforma de mais clínicos, alertou o director, Fernando Siborro Alves. O médico espera que aquele ACES seja contemplado com o reforço de médicos colombianos que o Ministério da Saúde vai contratar, uma vez que os lugares abertos na região têm ficado por preencher. O médico considerou que a pior situação é a do concelho de Abrantes, que passou de 30 médicos de família para metade. A perspectiva é ficar com sete ou oito, "se se reformarem". No Sardoal, a situação complicou-se com a reforma recente de um clínico e a entrada de dois em baixa médica. O alojamento gratuito oferecido pelos municípios não está a atrair médicos.

http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/saude/carencia-social-enche-urgencias

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