Beppe Grillo
A brincar se dizem coisas sérias. Ao ler este texto de Beppe Grillo não podemos deixar de nos lembrar do «decidido» José Sócrates ou do «competente» Teixeira dos Santos… Os povos são vários, mas os decisores políticos são os mesmos, embora com máscaras locais pareçam diferentes…
A propaganda económica não tem parança: um dia cresce o PIB, no dia seguinte aumenta o consumo, depois a confiança dos mercados e no outro dia publica-se a percentagem de empréstimos pendentes de pagamento em 2007, antes da crise, como se fossem actuais. Os embustes económicos são totalmente bipartidários, tanto nos jornais de De Benedetti [La Repubblica, N.d.T.] como nos da órbita de Berlusconi e do patronato, com cobertura diária nas televisões Raiset [RAI mais MEDIASET, N.d.T.]. Qualquer cidadão se sente culpado: é ele quem está sem trabalhar, não é a economia que cai a pique.
A política do governo pode traduzir-se numa única palavra: «cortes». Chamam-lhe reformas, como no caso das escolas, mas trata-se apenas de reduções de gastos. Na guerra as derrotas convertem-se em refúgios estratégicos, na economia a incapacidade de pagar os títulos de dívida emitidos para satisfazer a dívida nacional define-se como «reestruturação». A reestruturação implica que o valor de 100 euros se converte em 40, em 30 ou 20. O mecanismo é o mesmo que a perda de valor das acções de uma empresa que pode perder 90% e ninguém se pode queixar. Faz parte das regras do «mercado». Se a nação está em perigo também os estão os seus títulos e quem os compra apenas se pode queixar de si próprio. Bom, também pode agradecer à propaganda do governo e à informação controlada pelo governo através do financiamneto de 329 milhões de euros para 2011.
Há dias, entre a fanfarronice italiana por causa do aumento de PIB em 0,1% em comparação com as previsões, JP Morgan publicou uma nova tabelasobre os créditos dos PIIGS [Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, N.d.T.]: a Itália destaca-se pela negativa. Os números referem-se aos títulos que expiram em 2011. Posição: Itália 154.700 milhões de €; Espanha 45.000 milhões de €; Portugal 9.500 milhões de € e a Irlanda 4.400 milhões de €. A soma dos reembolsos de todos os créditos não chega a metade dos do nosso país.
Em 2011 a emissão total dos títulos italianos será, sem surpresas, 240.000 milhões (o título do Sole 24 Ore: «Em 2011 as emissões serão mais ligeiras»(sic). Quando alguém contrai uma dívida tem de produzir mais para pagá-la, mas a Itália é o penúltimo país do mundo em crescimento na última década, é o 179º, um lugar à frente do Haiti. E a dívida já aumentou. Tremorti («Três mortos”, jogo de palavras com Tremonti, nome do ministro da Economia) vê-se obrigado a reconhecer taxas de juro mais altas. Calcula-se que em 2011 se terão de pagar 80.000 milhões, o que equivale a quatro orçamentos gerais do estado. A palavra de ordem é a de sempre: «Tudo vai bem!», a mesma que empregou Tremonti, apoiado pela imprensa, antes da manobra correctiva de 25.000 milhões na Primavera de 2010. Ninguém quer eleições, já que isso seria o abrir a caixa de Pandora da bancarrota. Por isso farão tudo para não irmos às urnas.
Chegámos à bancarrota nacional por uma razão simples e banal: a possibilidade dos políticos gastarem o dinheiro que precisam e de venderem a dívida em forma de títulos de Estado que lhes permitem continuar com o seu paraíso. Não deveria permitir-se qualquer gasto a nível municipal, regional ou estatal sem uma cobertura segura. Os presidentes das câmaras, os presidentes de regiões ou os ministros que utilizam fundos de que não dispõem devem pagar do seu bolso ou ir para a cadeia. Eles nunca se renderão (interessa-lhes isso?); nós também o não faremos.
http://www.odiario.info/?p=1927
A política do governo pode traduzir-se numa única palavra: «cortes». Chamam-lhe reformas, como no caso das escolas, mas trata-se apenas de reduções de gastos. Na guerra as derrotas convertem-se em refúgios estratégicos, na economia a incapacidade de pagar os títulos de dívida emitidos para satisfazer a dívida nacional define-se como «reestruturação». A reestruturação implica que o valor de 100 euros se converte em 40, em 30 ou 20. O mecanismo é o mesmo que a perda de valor das acções de uma empresa que pode perder 90% e ninguém se pode queixar. Faz parte das regras do «mercado». Se a nação está em perigo também os estão os seus títulos e quem os compra apenas se pode queixar de si próprio. Bom, também pode agradecer à propaganda do governo e à informação controlada pelo governo através do financiamneto de 329 milhões de euros para 2011.
Há dias, entre a fanfarronice italiana por causa do aumento de PIB em 0,1% em comparação com as previsões, JP Morgan publicou uma nova tabelasobre os créditos dos PIIGS [Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha, N.d.T.]: a Itália destaca-se pela negativa. Os números referem-se aos títulos que expiram em 2011. Posição: Itália 154.700 milhões de €; Espanha 45.000 milhões de €; Portugal 9.500 milhões de € e a Irlanda 4.400 milhões de €. A soma dos reembolsos de todos os créditos não chega a metade dos do nosso país.
Em 2011 a emissão total dos títulos italianos será, sem surpresas, 240.000 milhões (o título do Sole 24 Ore: «Em 2011 as emissões serão mais ligeiras»(sic). Quando alguém contrai uma dívida tem de produzir mais para pagá-la, mas a Itália é o penúltimo país do mundo em crescimento na última década, é o 179º, um lugar à frente do Haiti. E a dívida já aumentou. Tremorti («Três mortos”, jogo de palavras com Tremonti, nome do ministro da Economia) vê-se obrigado a reconhecer taxas de juro mais altas. Calcula-se que em 2011 se terão de pagar 80.000 milhões, o que equivale a quatro orçamentos gerais do estado. A palavra de ordem é a de sempre: «Tudo vai bem!», a mesma que empregou Tremonti, apoiado pela imprensa, antes da manobra correctiva de 25.000 milhões na Primavera de 2010. Ninguém quer eleições, já que isso seria o abrir a caixa de Pandora da bancarrota. Por isso farão tudo para não irmos às urnas.
Chegámos à bancarrota nacional por uma razão simples e banal: a possibilidade dos políticos gastarem o dinheiro que precisam e de venderem a dívida em forma de títulos de Estado que lhes permitem continuar com o seu paraíso. Não deveria permitir-se qualquer gasto a nível municipal, regional ou estatal sem uma cobertura segura. Os presidentes das câmaras, os presidentes de regiões ou os ministros que utilizam fundos de que não dispõem devem pagar do seu bolso ou ir para a cadeia. Eles nunca se renderão (interessa-lhes isso?); nós também o não faremos.
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