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06/01/2011

Tunísia: Desemprego gera protestos

Três pessoas morreram durante os protestos que ocorreram em várias cidades tunisinas na última quinzena de Dezembro. Tudo começou quando Mohamed Bouazizi, licenciado de 26 anos sem emprego, ateou fogo a si próprio na sequência de uma rusga policial à banca de fruta e legumes ilegal com que sustentava a família.
Ao incidente de dia 17, em Sidi Bouzid, seguiram-se manifestações em várias cidades do país, tais como Safakes, Sousse, Mednin, Kairuan, Bem Guerdane e Gafsa. As forças repressivas tentaram impedir concentrações sindicais e marchas populares atiçando a revolta que, em alguns casos, degenerou em tumultos. Na capital, Tunes, os advogados desfilaram contra a degradação das condições de vida e a brutal violência das autoridades.
Nos protestos, um jovem de 18 anos e um homem de 44 acabaram por sucumbir aos disparos da polícia. A terceira vítima da vaga insurreccional foi um rapaz de 24 anos, igualmente desempregado, que num acto de desespero subiu a um poste de alta tensão acabando electrocutado.
Apesar do bloqueio que o governo tunisino impôs aos jornalistas, impedindo-os de chegar às cidades em polvorosa e suspendendo mesmo a publicação dos dois jornais que noticiaram os protestos, informações veiculadas por agências internacionais indicam que dezenas de pessoas terão sido presas.
Na Tunísia, onde metade da população é menor de 25 anos e a maioria dos 80 mil licenciados que todos os anos saem das universidades não encontra colocação, o desemprego atingiu, em 2009, os 14 por cento.
A isto acrescem um programa de privatizações de empresas públicas e cortes nos subsídios estatais aos bens de primeira necessidade, levados a cabo pelo executivo.
Entretanto, o presidente, Zine al-Abidine Ben Ali, anunciou um projecto de apoio aos jovens licenciados e demitiu o ministro das Comunicações, mas a iniciativa não parece ter contido a revolta e, no fecho da nossa edição, a AFP noticiava que os estudantes voltaram às ruas de Sidi Bouzid num protesto novamente reprimido pela polícia com recurso a granadas de gás lacrimogéneo.

http://www.avante.pt/pt/1936/internacional/112083/

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