Só fica espantado com o recuo quem já se esqueceu que o Governo quer levar o peso do investimento público a níveis anteriores ao 25 de Abril.
Algumas transcrições feitas a propósito das últimas decisões do Governo de cortar (ainda mais) no investimento público revelam bem os ziguezagues mediáticos de alguns partidos. Para a direita, a guerra ao investimento público é ponto de honra, disseram-no na campanha eleitoral, repetem-no agora, abrigados no chapéu-de-chuva de Belém e em imposições ainda mais restritivas do que as que o Governo incluiu no PEC. Num momento em que o investimento privado continua "a zeros", (paralisado pela desconfiança e à espera da "oferenda" de empresas públicas com lucro seguro), cortar no investimento público serve a estratégia da direita de conduzir o país à estagnação para melhor impor as condições sociais que os grandes grupos pretendem recuperar em Portugal.
Não espantam também os recuos do PS, que assim rasga o compromisso eleitoral que, (recordam-se ainda?), definia uma linha divisória entre os que defendem o investimento (a esquerda, na qual o PS pretensamente se incluiria), dos que o atacam. Só fica espantado com o recuo quem já se esqueceu que, no PEC, o Governo quer levar o peso do investimento público a níveis anteriores ao 25 de Abril…
De quem não se sabe muito bem o que pensa é o BE. No último debate com Sócrates, Louçã defendeu a suspensão das grandes obras públicas, tal como a direita; confrontado com esta ligação, passou, no início da semana, a defender as grandes obras públicas para chegar ao fim de semana a voltar a apoiar o corte no investimento e suportar a reviravolta do PS…
Sem prejuízo de críticas quanto a um modelo que só beneficia os interesses financeiros, não se percebe bem como se pode avançar com a linha de Caia ao Poceirão, suspender a ligação daqui a Lisboa e dizer que não está em causa, na data prevista, a ligação entre as duas capitais!...
http://jn.sapo.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=1565619&opiniao=Hon%F3rio%20Novo
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